[X]


Bem-Vindos~
Para visualizar o Fanfic Wonderland
utilize o Google Chrome.

Arigatoo! :3
Fanfic Wonderland~
No, No. You can't.
<style type="text/css">@import url(http://www.blogger.com/static/v1/v-css/navbar/697174003-classic.css); div.b-mobile {display:none;} </style> <meta name='google-adsense-platform-account' content='ca-host-pub-1556223355139109'/> <meta name='google-adsense-platform-domain' content='blogspot.com'/> <!-- --><style type="text/css">@import url(https://www.blogger.com/static/v1/v-css/navbar/3334278262-classic.css); div.b-mobile {display:none;} </style> </head><body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d7990918353647242745\x26blogName\x3dFanfic+Wonderland~\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://fanfic-wonderland.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://fanfic-wonderland.blogspot.com/\x26vt\x3d-6468566863054030351', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener("load", function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <iframe src="http://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID=6906650705735714279&amp;targetPostID&amp;blogName=Be+HaPpIE+%21%21&amp;publishMode=PUBLISH_MODE_BLOGSPOT&amp;navbarType=BLACK&amp;layoutType=CLASSIC&amp;homepageUrl=http%3A%2F%2Fdesolate-luv.blogspot.com%2F&amp;blogLocale=en&amp;searchRoot=http%3A%2F%2Fdesolate-luv.blogspot.com%2Fsearch" marginwidth="0" marginheight="0" scrolling="no" frameborder="0" height="30px" width="100%" id="navbar-iframe" title="Blogger Navigation and Search"></iframe> <div></div>
Entries.
AboutMe.
Links.
AboutTheSite.
BlahBlahBlah.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Pandora Gakuen~


Fandom: Pandora Hearts
Classificação: Comédia, Romance, Amizade, Vida Escolar, Tragédia, Abandono Familiar.
Ships: AlicexOz (Até agora ;D)
Tipo: LongFic
Capítulo 1 – Primeiro dia de aula.

O sol brilhava intensamente no céu, as nuvens brancas pareciam ter sido pintadas de tão perfeitas. Era um ótimo dia para deitar na grama e relaxar. Entretanto havia uma movimentação estranha na calçada. Um garoto de cabelos dourados e olhos esmeralda corria apressado com um pão na boca, um café-da-manhã que não pudera terminar de comer. Ele usava um uniforme escolar, a gravata estava mal colocada e quanto mais ele corria mais ela teimava cair.
-Droga! – Pensou o menino, Oz era o seu nome. – Primeiro dia de aula em uma escola nova, e eu chego atrasado!
Ele aumentou o passo, assim que avistou o prédio da escola. Eram 06:45 quando chegou, bem a tempo. Oz ia simplesmente entrar, mas de repente notou o prédio. A escola não parecia ser uma escola comum, o prédio se assemelhava a um hotel, o pátio era rodeado de arvores e todo asfaltado. Ele olhou a placa espelhada no muro ao lado do portão de entrada.
-Então essa é a tão famosa Pandora Gakuen. – Comentou para si mesmo. – Certo, Oz! Dê o seu melhor! – Animou-se.
Ele olhou seu reflexo na placa e viu como estava todo desarrumado.
-Eita... – Uma gota desceu pelo seu rosto.
-A escola não aceita aluno com uniforme desarrumado. – Falou uma voz.
Com um sobressalto, Oz se vira para encontrar com um homem de cabelos ondulados e negros, olhos dourados e expressão sombria. Um arrepio percorreu por Oz, mas o homem sorriu e estendeu a mão.
-Desculpe, te assustei?
-Só um pouco... – Falou Oz enquanto apertava a mão dele, cumprimentando-o.
-Você deve ser o novato. Oz Bezarius, certo?
-Sou eu mesmo. E você?
-Sou o professor Gilbert Nightray.
-Você vai ser o meu professor?
-Talvez. – Ele deu de ombros e entrou na escola.
-Ah, espera! – Falou Oz enquanto o seguia.
Assim que Oz o alcançou, Gilbert começou a pensar. Será que Oz se daria bem naquele tipo de escola?
-Você parece ser do tipo animado.
-Hehe. – Ele coçou a cabeça. – Só um pouco.
-Isso é mal.
-Quê?
-Quero dizer, pode ser e não pode. – Comentou. –Alunos como você chamam a atenção de encrenqueiros.
-Não tenho medo deles.
-Ou viram encrenqueiros...
-Não... Não gosto de encrencas. – comentou.
-Que ótimo, senão a “Justiça e lei” iria punir você, com certeza.
-Quem?
-Ela é a maior autoridade dessa escola.
-Quer dizer... A diretora?
-Não. – Falou Gil, enquanto parava de andar. – Ela é uma aluna.
-Como assim? – Exclamou Oz. – Como uma simples aluna pode ser a maior autoridade dessa escola?
Gil sorriu.
-Esqueça. Logo você irá conhecê-la. Agora é melhor você se apressar, Sr. Bezarius.
-Ah, é! – Ele começou a se dirigir ao prédio da escola. - E me chama de Oz. – E então saiu correndo em direção a escola.
O homem se virou e foi em direção ao outro prédio. Há alguns metros de lá, dois pares de olhos o observavam das sombras. Um era vermelho vinho e dourado e o outro era verde esmeralda.
-Ah. – Suspirou o par de olhos de cores diferentes. – Então esse é o novato.
-Não vamos mexer com ele ainda. – Falou os olhos verdes. – Vamos esquecê-lo por enquanto.
-Tem razão. Amanda-Sama não precisa ficar sabendo, é melhor ter cuidado.
-Certo... – murmurou o outro.
-O que você dois estão fazendo? – Perguntou uma voz de menina. – Jack! Vincent!
Os dois homens saíram das sombras, eles usavam trajes que pareciam policiais, jaquetas azuis escuras e calças azuis escuras também. A menina era bem menor e mais nova que eles, usava um CAP e quase a mesma roupa que os outros dois, porém em vez de calça era uma saia. Ela usava um distintivo que dizia “Sub-Chefe.”
-Nada, sub-chefe Alice. – falou Jack, o de olhos verdes. – Só estávamos observando o novato.
-Hum. Acho que sei quem é. Bem, não importa. Apressem-se, senão a “Justiça e Lei” irá ficar brava por nos atrasarmos para a reunião. – Falou a menina, era tinha longos cabelos castanhos escuros com duas tranças laterais e olhos arroxeados. Ela saiu andando em direção ao prédio seguida dos outros dois.
Nos corredores da escola, Oz se dirigia para seu armário, o número da combinação estava anotado em um papel em suas mãos. Oz pensava em como deveria ser essa tal “Justiça e Lei”. Tudo o que ele poderia pensar era que devia ser uma forma sombria e impiedosa que não se importa com nada a não ser punir os malfeitores e que pode fazer picadinho de qualquer um. Ele estremeceu, não ia querer de jeito nenhum se meter com ela. O jovem resolveu esquecer isso e finalmente encontrou o seu armário. Enquanto colocava seus livros avistou dois valentões importunando um menino que aparentava ser um “nerd”.
-Ora, veja só. Um caderno. – Falou Vincent, enquanto tirava o caderno da bolsa do podre jovem.
-E-Ei! Isso é meu! – Ele tentou se defender, mas Jack segurou sua testa.
-Quieto aí, pirralho!
-Ei, vocês!
Eles se viraram para dar de cara com Oz, ele não gostava de valentões e também não entendia a razão de estarem vestidos como policias.
-O que você quer pirralho?
-Deixem ele em paz. – Mandou Oz.
Um silêncio constrangedor se formou, os dois ficaram encarando o jovem até...
Explodirem numa gargalhada.
-Que foi?
-Ora, pirralho. Acha que nos dá medo? Estamos só nos divertindo. – Falou Jack enquanto Vincent jogava todo o material de dentro da bolsa no chão.
Oz tinha que pensar rápido até que ele teve uma ideia.
-É... parece que estão. – Ele ficou imóvel, os outros dois estranharam. – Será que a “Justiça e Lei” achará divertido também? – comentou, com uma expressão sombria.
Então, Vincent largou a bolsa. Ele e Jack encararam Oz irritados, mas saíram desajeitados de lá. Quanto mais tempo passava lá, mais Oz notava o quanto essa tal “Justiça e Lei” era importante. Ele foi até a bolsa jogada no chão, recolheu o material e entregou ao menino.
-Você não devia citar a “Justiça e Lei” em vão. – Comentou o menino.
-De nada. – bufou Oz.
-Obrigada. – Falou o menino envergonhado pela grosseria. - Desculpa, mas não se deve menciona-la em vão.
-Caramba... Eu estou aqui faz só uma hora e já deu pra perceber o quanto essa “Justiça e Lei” é importante.
-Ela possui patrulheiros por toda a escola. Ela sabe de tudo, ela ouve tudo. Aqueles dois eram patrulheiros.
-O quê? – Exclamou Oz. – Sinceramente, se essa tal “Justiça e Lei” tem patrulheiros assim ela deve ser...
-Não diga isso! – repreendeu o “nerd”.
-Eh?
-E-Ela não tem culpa. A maioria dos patrulheiros são delinquentes que se ofereceram ou que ela está tentando converter. Ela é a pessoa mais justa e bondosa de todas. Se não fosse por ela, essa escola seria um zoológico.
-Ah...! Entendo. Como ela é? – Perguntou Oz, roxo de curiosidade.
-Não sei. Ela não aparece muito. – Respondeu o outro. – Os únicos que já a viram são delinquentes e eu não me atrevo a pergunta-los.
-Está certo. A propósito, qual o seu nome? – Perguntou Oz.
-Ah, certo. Desculpe pela apresentação tardia. Chamo-me Phillip, prazer em conhecê-lo.
-Eu sou o Oz. Prazer em conhecê-lo também.
-Ah, você é o novato, certo?
-É... Como você sabe?
-Faço parte do conselho estudantil. Cuido das matriculas dos alunos.
-Ah, certo.
-Isso me lembra! Hoje seria a minha primeira reunião do conselho com a “Justiça e Lei” presente! Por isso eu estava tão desajeitado e aqueles dois vieram me provocar.
-Ah, já que você vai. Quero saber se é a “Justiça e Lei” é fofinha. Não se esqueça de me contar!
-Ah, tá bem. – Concordou, com uma gota na testa. – Com licença.
E lá foi ele. Oz sorriu e foi para a sala, já, já começariam as aulas.

***

-Que aula chata. – Pensou Oz descendo as escadas. – Mas os meus colegas até que são bem simpáticos.
Enquanto o jovem descia as escadas até o seu armário ele avistou o professor Gilbert no final da escada.
-Ah! Gilbert-Sensei! Gilbert-Sensei! – Saiu correndo, quase tropeçando.
-Sr. Bezarius. – Cumprimentou o professor.
-Oz! Gosto que me chamem de Oz.
-Ah, certo.
-Sensei! Posso te perguntar uma coisa?
-Ah, claro. Diga.
-Você já viu a “Justiça e Lei” pessoalmente?
-Sim. Todos os dias.
-JURA? – Perguntou o jovem feliz.
-Claro. Ela é minha aluna.
-Como ela é?
Silêncio.
-Isso eu não posso dizer.
Oz caiu de cara na escada.
-Por quê??
-Por que você está tão interessado?
-Ah. – Oz pensou por um momento. – Eu não sei.
Deixa vez, foi o Gilbert que caiu de cara no chão.
-Então, por que você quer saber como ela é?
-Ah, acho que eu ouvi falarem tanto sobre ela, que quero conhecê-la pessoalmente.
Gilbert sorriu.
-Ela é uma companhia muito agradável. Mas em compensação a Sub-Chefe dela... Que garotinha detestável.
-Sub-Chefe?
-Alice, a temível Coelho Negro.
Oz engoliu em seco.
-Ela faz o tipo valentona. – Falou o homem de cabelos negros. – Impiedosa. Muito chata. Uma anti-social. Mas apesar de tudo. É mansa, bem, pelo menos perto da Am... Digo, “Justiça e Lei”.
-Hm... – Murmurou Oz. – Quem é Am...?
-Am? Ah, nada. Não é importante.
-A “Justiça e Lei” se chama Am?
-Não.
-Então? Qual é o nome dela? É “Justiça e Lei”? JL? “Justice and Law”? – Oz bombardeava o pobre professor com inúmeras variantes de Justiça e Lei.
-Claro que não! Ela tem nome.
-Então, qual é?
-Informação Confidencial!
-Ah, qual é.
-Não posso contar! Agora, com licença. – Pediu o professor se retirando.
-Espera! – Exclamou Oz.
-Sim?
-Posso almoçar com você? – Sorriu o Menino enquanto segurava um obento.
Gilbert suspirou, com medo de que aquilo fosse uma desculpa para se bombardeado com mais perguntas.
-Está bem.
Oz sorriu, e foi junto de seu professor comer o almoço que o esperava dentro da pequena caixa de plástico.
-O que você trouxe para o almoço? – perguntou o Professor.
Naquele mesmo instante, naquele corredor estavam andando aqueles mesmos valentões, Jack e Vincent, seguindo aquela garota de cabelos castanhos, Alice.
-É um obento BBQ especial.
Alice que sempre tivera ótimos ouvidos. Ouvira o jovem, ela sempre tivera um apetite glutônico e seu prato preferido era carne. A jovem começou a viajar pensando nas variedades infinitas de carne, ficando com água na boca.
Jack e Vincent não entenderam, até que o de olhos de cores diferentes notou o novato e o professor andando e conversando até o pátio. Jack viu do se tratava, ocorreu um olhar de entendimento entre os dois e então encontraram uma grande oportunidade.
-Ei, Sub-chefe. Está com fome? – perguntou Jack.
-Hã? – Estranhou Alice, saindo do transe. Ela conhecia bem aqueles dois, tinha todos os motivos pra desconfiar.

***

Depois do Almoço, Oz teve mais duas aulas e quando se dirigia para seu armário, avistou Phillip arrumando suas coisas.
-PHILLIP!! – Exclamou Oz, levantando os braços e correndo até o menino.
-Ah, oi Oz. – Cumprimentou Phillip, um pouco assustado.
-E aí? Como ela é? – Perguntou ofegante.
-Ela? Ela quem?
-A “Justiça e Lei”, oras! Então? Como ela é? Ela é fofinha? Parece uma boneca? Hein? Hein? Hein? – Oz bombardeava o podre garoto com perguntas.
-Eu não sei. – Respondeu Phillip, infeliz.
Oz caiu de cara no chão.
-Como assim não sabe? – Exclamou indignado. – Você não a viu?
-Não. Quando ela ia entrar na sala do conselho, uma gangue resolveu atormentar alguns alunos e ela teve que ir resolver a situação. – Respondeu infeliz.
-Malditos valentões! – Pensou Oz, roxo de raiva e de curiosidade. – Será que algum dia eu conseguirei...
Mas seu pensamento foi interrompido por um grito.
Um grito de menina. Um garoto, bem grande acabara de roubar a bolsa de uma das estudantes e saiu correndo pelo corredor.
Oz pensou em tentar ajudar, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, um vento forte soprou, alguma coisa em alta velocidade passou por ele, tão rápida que não pode ser vista. Essa “coisa” acertou as costas do valentão em cheio, jogando-o contra a parede, tão forte que causou rachaduras.
A coisa saltou para o lado, em igual velocidade e arrastou o valentão pelos pés até chegar no outro corredor.
-NÃO! Você não! Por favor, piedade! – implorava ele, enquanto era arrastado.
Tudo que se ouviu depois foi um grito, provavelmente do valentão.
Silêncio.
De repente, a coisa saltou do outro corredor, e pulou em cima dos armários, agora estava mais lenta, porém tudo que se via era uma sombra. Ela saltou e correndo deixou a bolsa aos pés da menina e depois sumiu no fim do corredor.
-Caramba. – arfou Oz.
-Era ela! – exclamou Phillip. – A “Justiça e Lei”!
-Tá de brincadeira? – Perguntou Oz.
-Não. Era ela mesma! Finalmente a vi em ação! – falou o “nerd” sonhador.
Oz nem piscava, tudo acontecera muito rápido e o valentão? O que acontecera com ele? O sentimento de medo voltou a rondar sua mente. O que era essa “Justiça e Lei”?
-Essa “Justiça e Lei” é humana? – perguntou.
-Claro! – respondeu Phillip.
-Mas como? Tem certeza que ela não é um monstro ou sei lá, coisa parecida?
-Não. Ela é humana. – respondeu o outro menino.
-Uau... – murmurou, olhando na direção de onde ela sumira. Ele queria, não, tinha de conhecê-la.

***

De noite, após o jantar. Oz estava em casa, no sofá, vendo TV. Ada, sua irmã mais nova, estava ao seu lado brincando com sua boneca.
De repente o telefone tocou, Oz ainda com os olhos vidrados na TV, atendeu.
-Alô?
-Oz Bezarius? – perguntou uma voz do outro lado da linha, bem grossa.
-Sim? – respondeu Oz, estranhando a voz.
-Se você quiser ver se amigo professor de novo, melhor correr.
-Eh? Gilbert-sensei?
A voz desligou.
Oz apertou o telefone com muita força.
-Ah, que ótimo! – Resmungou. Ele se levantou, pegou um dos seus tacos de beisebol e destrancou a porta.
-Nii-chan! Onde você vai? – Perguntou Ada.
Oz olhou pra ela e respondeu.
-Vou chutar o traseiro de alguém.
E saiu.

Capítulo 2 - A “Justiça e Lei” finalmente se mostra.

Oz andava apressado pelas calçadas escuras, iluminadas apenas pelos postes de luz a longo da rua.
-Argh! Que raiva! Pelo visto esses valentões vão me tirar o sossego. – Pensou, com raiva. O jovem avistou a enorme escola, achou que teria de pular o portão, mas percebeu que estava entreaberto. – Eles forçaram a tranca? Típico.
O jovem loiro entrou na escola, que tinha uma aparência terrivelmente sinistra à noite. Ele olhou em volta e viu que uma das luzes da quadra de esportes estava acesa. Ele suspirou e foi até lá.
Assim que Oz atravessou o portão da quadra e caminhou até quase o seu centro, foi então que de repente uma luz forte se acendeu, quase cegando o loiro.
-AFEE!! Apaga esse negócio, senão eu vou ficar cego!! – Gritou o jovem, cobrindo a cara.
-Hehe...
A luz que quase o cegara perdeu força e o restante delas se iluminou. Assim que o jovem abriu os olhos, avistou os mesmos valentões de antes, uma garota de cabelos longos castanhos escuros e mais alguns estudantes que ele não conhecia. E de joelhos na frente deles, estava Gilbert-sensei.
-Ah! Eu sabia que vocês me dariam trabalho. – Ele suspirou. – O que vocês querem, hein?
-Ora... – começou Vincent - Só estamos nos divertindo.
-Divertindo? – repetiu Oz, controlando a raiva. Ele nunca fora o tipo de pessoa que deixava seus amigos na mão. – Olha, por que vocês não param de perder tempo fazendo essas idiotices e liberem o Gilbert-sensei de uma vez!
-Heh! E por que deveríamos ouvir um pirralho como você? Só fazendo o que queremos, só podemos tudo.
O jovem loiro estava se controlando para não ter um ataque de fúria. Quem eles pensavam que eram? Agindo daquela maneira? Mas Oz sabia que seria idiotice puxar briga com eles, estavam em maior número e ele era apenas um.
-Você acha que pode conosco? – Falou o valentão loiro.
Ele respirou fundo.
-Meu tempo não merece ser perdido com IDIOTAS como vocês.
Eles obviamente não gostaram do comentário.
-Como é? Olha lá como fala, novato! Você por acaso sabe quem manda nessa escola? – Gritou Jack, irritado.
-Por acaso... Não sou eu? – Falou uma nova voz. Uma voz de garota.
O grupo de encrenqueiros ficou estático. Oz também ficou surpreso e olhou na direção de onde viera a voz.
A alguns metros de onde estavam, uma garota estava postada de pé, não devia ter mais que 1,65, a jovem, cuja face estava coberta pela sombra do CAP que usava, ela vestia um uniforme como os do grupo, mas diferente. Sua jaqueta jeans era um sobretudo que ia até os pés, usava um shorts jeans e meias listradas de cano longo e sapatos pretos. A blusa por debaixo no sobretudo era branca, os longos cabelos caiam até a cintura, eram loiros, mas suas pontas tinham um tom avermelhado e escurecia a medida que chegava perto do fim dos fios dos longos cabelos, seu CAP era parecido com o de Alice, mas tinha uma insígnia dourada onde se destacavam as iniciais “JL”. Era ela!
Oz arregalou os olhos, será que era ela? A pessoa de que todos falavam? Mas como...?
A jovem usou o dedo indicador para levantar o CAP, revelando a sua face, tinha pele clara e olhos de um tom castanho achocolatado. A jovem suspirou pesadamente. Atrás dela estava outra jovem, de aparência levemente mais alta e cabelos caramelos, os olhos tinham um tom perolado e diferente dos outros não usava roupas de patrulheira, na verdade usava, mas ao seu modo. A blusa de mangas longas e brancas tinha um colete aberto por cima, usava uma saia jeans e sapatilhas.
A “Justiça e Lei” caminhou até ficar de frente para o grupo de encrenqueiros.
-Sinceramente... – falou em voz baixa. Mas não demorou para explodir. – O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?!?!
A jovem de cabelos caramelos caminhou até Oz, esta sorria calmamente, já estava acostumada com esse tipo de coisa.
-Você é o Oz Bezarius-kun, não é? – Perguntou.
-Ah... É... Sou... eu. – Ele olhava para a jovem a sua frente e para a outra explosiva mais adiante alternadamente.
-Sou a Annabell, mas pode me chamar de Bell. – Ela estendeu a mão. O jovem a comprimentou ainda um pouco atordoado. – Desculpe pelo incômodo.
-Ah... Não, não... Tudo bem... É... Aquela é a...? – Ele tentava encontrar palavras, Annabell sorriu.
-Sim. Seu nome é Amanda, mas é conhecida na escola como “Justiça e Lei”.
Silêncio.
-ELA?!?! – Ele exclamou, Oz imaginara alguém diferente, maior e mais assustadora se bem que, no modo como estava a jovem Amanda parecia muito assustadora.
-Eu não acredito nisso! – Exclamou Amanda que já parara de gritar. – Vocês causando problemas de novo?! Até tu, Alice??!!
-EI! EI! EI! – Gritou a jovem de cabelos castanhos escuros. – A culpa não é minha! Esses dois disseram que se eu fizesse isso teria o meu obento! – Dedurou, apontando para os outros dois.
-Oben...to? – Repetiu Amanda. Depois de uns poucos segundo ela entendeu. – EI! VOCÊ!! – Ela apontou para o Oz.
-SIM! EU! PRESENTE! – Ele exclamou.
-Qual foi o seu obento hoje?
...
-Hein?
-Seu OBENTO!!!
-AAH! Um BBQ Especial!
-Um BB... – Ela parou e fechou a mão num punho, tremendo de fúria. Ela se virou para os dois valentões. – VOCÊS SÃO MESMO DOIS PORCOS IMUNDOS!! Alice! Vai com a Annabell, tá dispensada e... – Ela notou uma coisa que a deixou mais irritada ainda, se é que isso era possível.
-Tira. O. Pé. Das. Costas. Do. Gilbert-Sensei. A.G.O.R.A!! – Não foi preciso dizer duas vezes, Alice saiu em disparada para perto de Annabell e Oz. – O resto de vocês está dispensado! PARA CASA! JÁ!
O resto dos alunos saiu correndo, alguns tropeçaram e foram rastejando até o portão, só queriam sair de lá. Vincent e Jack já estavam indo também, mas...
-VOCÊS FICAM PARADOS AÍ! – Gritou Amanda e eles assim o fizeram, assustados. Logo depois disso, ela se ajoelhou rapidamente para o professor que estava ajoelhado.
-Você está bem, Gilbert-sensei?! – Ela perguntou, preocupada, toda a raiva sumira.
-Eu estou. Não se preocupe, Amanda.
Ela suspirou aliviada e o ajudou a se levantar e pediu, com gentileza, para que se juntasse a Annabell e os outros. Assim que o fez, ela olhou para os outros dois, a raiva novamente estampada em sua face. Eles podiam sentir seu olhar queimando suas costas.
-Vocêêês... – Ela falou mal se controlando. Eles se viraram rapidamente.
-A-A-A culpa não foi nossa, Amanda-Sama! – Falou Vincent.
-Isso! Isso! – Concordou Jack. – É tudo culpa do novato e...
-AH! ME POUPEM!! ESSA É A TERCEIRA VEZ ESSE MÊS QUE VOCÊS ARRUMAM ENCRENCA! E AINDA BOTARAM O GILBERT-SENSEI NISSO TUDO E...
Enquanto isso, junto do grupo da Annabell...
-Você está bem, Gilbert-sensei? – perguntou Oz.
-Sim. Vou ficar. – Ele respondeu.
Annabell suspirou aliviada.
-Ainda bem que chegamos a tempo.
-A culpa foi desse coelho estúpido que vive dando ouvidos aqueles dois! – Ele olhou para Alice, irritado.
-Olhe lá como fala comigo, Cabeça de Alga!
-E você vai fazer o quê, coelho estúpido?
E os dois começaram a brigar, alias como sempre faziam desde o dia que se conheceram. Uma gota apareceu na cabeça de Oz. Annabell apenas sorriu, afinal estava acostumada.
-VOCÊS DOIS MERECEM UMA DEVIDA PUNIÇÃO!! – Gritou Amanda. Tão alto que até Gilbert e Alice pararam de brigar.
-Amanda-sama... – Começou Jack.
-CALADO!! – Gritou! – VOCÊS SERÃO OS MEUS MORDOMOS POR DUAS SEMANAS, FUI CLARA?!?
-Mas... – Tentou Vincent.
-FUI CLARA??!!
Desolados, eles assentiram.
-Sim, Amanda-sama...
-Dispensados.
E assim foram eles, desolados e irritados. Amanda caminhou até os outros.
-Droga! Eu vou acordar rouca amanhã, com certeza. Annabell, Gilbert-sensei, vão para casa, está tarde. – Ela era uma nova pessoa, como se nunca estivesse tido toda aquela raiva. – Gilbert-sensei, você está mesmo bem?
Ele sorriu.
-Estou sim. Não se preocupe.
-Vamos. – Falou Annabell. Gilbert assentiu.
-Ah! Espera! – Pediu Amanda. – Alice, como é que se fala?
Alice fez uma careta.
-A palavrinha mágica...
A jovem de cabelos castanhos virou a cara.
-Aliceeee...
Ela gemeu, chateada.
-Desculpa... – murmurou.
-Não ouvi. – Falou Amanda com a mão em uma das orelhas.
-Desculpa! – Falou mais alto.
Amanda olhou para Gilbert como se dissesse: “Desculpa mesmo.” Ele assentiu e foi com Annabell para fora da quadra. Amanda olhou para Oz.
-Você é o Oz, não é?
-Ah! É! – Ele sorriu. – Que legal...
-Hein?
-Eu finalmente consegui te conhecer! – Ele olhou melhor. - Até que você é fofinha.
Ela corou. Até Alice ficou estática.
-COMO É?!
-É verdade, você parece aquelas bonequinhas de porcelana que a Ada, minha irmã, adora e...
-Ca-Ca-Calado! – Gaguejou ela, vermelha. Amanda não costumava receber e nem sabia lidar com elogios.
-Ah, desculpa. – Ele disse com uma gota.
Ela respirou fundo. E depois encarou o jovem por um bom tempo.
-Hum... Alice! Quero que você cuide para que o Oz fique fora de perigo.
-Eh? – Ele falou.
-Hein?! – Ela perguntou.
-Essa é a melhor maneira de se desculpar pelo que fez! E nem um pio e você também. – Ela apontou para o loiro.
-Ah, tá! – Ele achou melhor não contrariar. Alice soltou um muxoxo.
Amanda olhou para o céu, já era bem tarde.
-Está tarde, melhor voltar para casa. Estou te esperando no portão, Alice. – E assim a jovem de cabelo bicolor se foi. Deixando Oz e Alice parados na quadra.
-Ei... – Começou Alice, Oz olhou para ela. – Desculpa. Quando se trata de carne, eu viro outra pessoa... – Ela parecia mesmo envergonhada pelo que tinha feito ou estava chateada pelo fato de ter virado uma babá. O jovem sorriu.
-Você não come carne no seu obento?
-Compro na loja de conveniência, mas é muito ruim. – ela falou, mostrando a língua.
-Eu sempre trago carne comigo no lanche, já que vamos ter que passar algum tempo juntos e posso trazer um obento para você também.
-Com muita carne? – Ela perguntou, olhos brilhando.
-Claro! – Ele sorriu.
Alice sorriu, mas logo reprimiu sua expressão.
-Tu-Tudo bem. – disse a jovem.
Oz estendeu a mão.
-Vamos recomeçar. Eu sou Oz Bezarius, me chame só de Oz. Prazer em conhecê-la.
A jovem o olhou, mas apertou sua mão.
-Alice, sub-chefe da Patrulha de “Justiça e Lei”. Pode me chamar só de Alice. Prazer.
-Sabe... – Ele levantou o indicador. – Você parece uma bonequinha também.
Alice corou forte.
-AAH!! Fica queito! – exclamou vermelha.
-Mas o que foi que eu disse? – perguntou confuso.
-Que seja! Vamos logo, tá tarde. – Ela disse, saindo apressada.
-Ah! Espera! Aliceee!! – Falou Oz, indo logo atrás dela.
É... Aquele foi o início de uma longaaaa história.


Capitulo 3 – Dias Escolares Nada Monótonos.


Foi bem complicado explicar à Senhorita Kate, a governanta de Oz, o porquê de ele ter saído sem mais nem menos no meio da noite. Isso resultou em uma semana de castigo. Droga, tudo por causa daqueles valentões estúpidos. Mas a noite não fora de todo mal, Oz finalmente saciara sua curiosidade e conhecera a “Justiça e Lei” que apesar de aparentar ser uma “bonequinha”, ele sabia muito bem que ela podia se tornar um monstro. Também conhecera Annabell, uma menina que se mostrara muito tolerante e simpática. Ela deve ser uma boa companhia. E também Alice, sua nova “guarda-costas”? Talvez. Oz só sabia que iria passar muito tempo com ela de agora em diante, ela parecia sim ser alguém de difícil convivência e a língua afiada que mostrará ao brigar com o Gilbert-Sensei não fazia jus a sua aparência, que Oz já afirmara que ela também parecia uma boneca, uma boneca policial. Ele não sabia como seriam os próximos dias, mas ele sabia que a Alice não devia ser tão ruim como diziam os boatos, apesar de ele nem a conhecer direito, ele só sabia.
-Hum... – Ele começou a pensar, enquanto deitava na cama. – Vou levar outro BBQ especial amanhã, tenho certeza que a Alice vai gostar! – Ele sorriu.
O jovem se lembrou da maneira preocupada como Amanda reagira em relação ao Gilbert-sensei. Como uma irmã mais nova preocupando-se com o irmão mais velho, ou algo do gênero. Ah, de qualquer forma, Oz estava determinado a conseguir algumas respostas amanhã, agora era hora de dormir.
***
Atrasado de novo, Oz corria a todo vapor pela calçada.
-Aaaahh!! Maldito despertador. – De fato, não fazia nem uma semana que comprara o relógio-despertador e pronto, o aparelho já quebrara.
Enquanto amaldiçoava o aparelho e o vendedor, Oz parou de repente. O Jovem acabara de notar uma garota esperando no portão, esta tinha cabelos castanho escuros e usava uma roupa de patrulheira. Seu rosto se iluminou.
-ALIIICEEEEE!!! – Gritou ele, acenando.
A jovem se virou rapidamente e quando encontrou o jovem de olhos verdes, sorriu. Mas logo depois mudou de expressão, reprimindo o sorriso e ficou séria.
-Ah... Tudo bem? – Perguntou Oz, estranhando a mudança de humor repentina da Alice.
-Tá atrasado.
-Ah! Isso... Olha, a culpa não é minha, a culpa é daquele despertador fureca que eu comprei e... – Ele balançava freneticamente os braços, tentando se redimir.
-Ah, esqueça. Deixe isso para lá. – Ela disse e então sua expressão se suavizou. – Você trouxe?
Oz parou e depois sorriu.
-Ah, você está falando disso? – Disse ele mostrando um obento que tinha um cheiro irresistível. Alice abriu um enorme sorriso e agarrou o obento, Oz sorria ao ver a felicidade da jovem a sua frente, mas esta notou o que fazia e reprimiu o sorriso de novo.
-Obrigado... – Agradeceu, escondendo a face corada com o CAP.
-De nada. – Respondeu Oz, sorridente.
-Vamos logo, não quero me atrasar por sua culpa.
-AH! Alice! Ei, me espera! Aliceee!
***
Nos corredores da escola, Alice seguia em frente, não parecia se dirigir a nenhuma sala especifica, Oz apenas a seguia. Ele pensava que ela se dirigia a sua sala de aula, mas notou que se tratava de um lugar diferente. Ela parou em frente a uma porta com uma placa que dizia “Conselho Estudantil”, ela abriu a porta e entrou.
-Pode vir você também. – Disse para Oz. O jovem entrou na sala, não era nada especial, como alguma “Bat-Caverna”, era só mais uma sala, com uma estante de livros e no centro uma enorme mesa cheia de divisões, lotada de papelada, mas ao canto da sala, via-se uma jovem de cabelos bicolor que iam do loiro ao vermelho.
-Bom Dia. – Disse Alice.
-Bom Dia, Alice. Bom Dia, Oz. – Disse a jovem, sem se virar.
-Como você sabe que sou eu? – perguntou o jovem.
-Reconheci seus passos. – Disse, virando-se. Usava a mesma roupa da noite passada. – A Alice andava pesado, batendo o pé, você já é mais frenético, como se estivesse com pressa.
-Caramba... – soltou Oz.
-Você acreditaria se eu dissesse que ela já conseguiu pegar e reconhecer vários valentões só pelos passos deles? – Perguntou Alice.
-EH?! – exclamou Oz.
-Liam-Sensei. – Disse Amanda.
-Hein? – perguntou o jovem loiro. Antes que Amanda pudesse responder a porta abriu e ali apareceu um homem alto, cabelos castanhos claros, olhos castanhos amarelados, usava óculos e um casaco grande pardo.
-Passos rápidos e compassados. Se atrasou de novo, Liam-Sensei? – perguntou Amanda, lendo um livro.
-Ah... – Uma gota apareceu na testa do professor. – Sinto por isso e... Espera! Como sabe?
-Ela reconhece os passos, lembra? – falou Alice.
-Ah, sim. Como esperado da nossa “Justiça e Lei”. – Sorriu ele e seus olhos recaíram em Oz. – Sr. Bezarius?
-Ah! Oi, Liam-Sensei. – acenou sem jeito.
-O que faz aqui? – perguntou o professor.
-Ele é parte do Conselho Estudantil. – Respondeu Amanda.
-Ele é? – perguntou Liam.
-Eu sou?!?! – Exclamou o loiro. – Desde quando?
-Desde agora. A Sharon não precisava de alguém para cobrir a vaga que faltava? Pronto já tem.
-Ei! Ei! Não saia decidindo as coisas, sozinha. – Oz balançava os braços freneticamente.
-Ela sempre faz isso, melhor se acostumar. – comentou Alice.
-Ah. Tudo bem então. – Falou Liam. – Ah, com licença tenho que me preparar para a minha aula.
Assim que Liam saiu da sala, Oz suspirou já se rendendo.
-Tudo bem, o que eu tenho que fazer?
Amanda apontou para a mesa.
-Tá vendo aquela papelada? – Perguntou a loira.
Ele engoliu em seco.
-Sim...
-Você cuida dela!
-Ah! O quê..? Já sei! Alice! – Mas quando o jovem se virou, Alice já estava saindo pela porta.
-Tenho que fazer a patrulha agora! Tchau. – E saiu correndo.
-Ah...
-Ela sempre foge. – Comentou Amanda.
-O que eu tenho que fazer?
-É simples. – Amanda disse se aproximou da mesa. – Cada página tem uma letra no topo, você só tem que organizá-las alfabeticamente.
-Ah, até que não é tão ruim. – Disse olhando as folhas. - Mas é muita coisa, será que... HEIN? – Antes que pudesse pedir ajuda, a Justiça e Lei já havia evaporado daquela sala, deixando Oz sozinho.
-Caramba. – Ele olhou os papéis e depois suspirou. – Meu segundo dia e já faço trabalho duro. Ê vida. – O jovem se sentou e começou a organizar.

***

Oz não sabia quanto tempo havia se passado, ele não devia estar nem na metade do trabalho.
-Eu não acredito. – Ele exclamou. – Como é que pode ter tanta papelada! Eu preciso da ajuda divina, isso sim! – Ele levantou os braços para o alto. Foi nesse momento que a porta se abriu e dali apareceu um anjo! Um anjo? Poderia se dizer que sim. A jovem que apareceu com os cabelos loiros meio caramelados presos por uma fita rosa em um rabo de cavalo, os olhos rosados encararam Oz confusos, mas depois sorriu. Oz ficou parado, sem saber o que dizer. A menina era realmente muito bonita.
-Olá. – Sorriu ela. – Quem é você?
O loiro nada disse.
-Ah, oi? – Ele balançou a mão freneticamente na frente do jovem. – Olááááá?
-Ah, desculpa anjo. Quero dizer, anja. Quero dizer... Aaaah, oi. – Ele acenou sem graça.
A jovem riu.
-Olá. Quem é você?
-Oz Bezarius. Você deve ser a Sharon, não é?
-Como sabe? – perguntou ela.
-A Amanda-Chan mencionou você.
Sharon sorriu.
-Ah, sim. Bem, Sharon Rainsworth, presidente do conselho estudantil. Prazer em conhecê-lo.
-Prazer. – sorriu Oz. – Pensei que Amanda-Chan fosse a presidente.
-Ah, não. Ela até foi por um tempo, mas estava complicado por ordem na escola, então saiu para se dedicar só aquilo, embora ela ainda vem me ajudar de quando em quando.
-Ah... – foi tudo o que Oz disse.
-Deixe-me advinhar, ela deixou toda essa papelada para você?
-É. – Uma gota apareceu na testa de Oz. Sharon sorriu.
-Não se irrite com ela, Amanda é bem atarefada. Vou te ajudar.
-Ah, Obrigado! – Exclamou o loiro. Sharon assentiu e se sentou , oz fez o mesmo e ambos agora cuidavam dos papéis e conversavam de vez em quando. Continuou assim por algum tempo até ouvirem um baque surdo vindo do lado de fora. Oz se assustou, mas Sharon apenas pôs uma das mãos sobre a boca e comentou:
-Ah, esse deve ser dos grandes.
Após um grito e silêncio, um vulto ficou de frente para a porta e a abriu com força, fazendo muito barulho. Era Amanda, os cabelos longos estavam bagunçados e o olhar dela era raivoso, para não dizer assassino.
-Eles estão ficando mais rápidos. – murmurou com raiva. E depois mostrou o sobretudo todo rasgado e amassado. – Meu sobretudo favorito. – murmurou apertando-o ainda mais.
-AMANDA! – exclamou Sharon, ela saiu desajeitada da cadeira, com pressa, bem preocupada. – Você está bem?!
-Eu estou, não se preocupe. – Avisou fazendo um gesto despreocupado com a mão. – Meu sobretudo...
-Ah, eu posso arrumar isso, tudAAAH!! – Gritou olhando o braço de Amanda, ele tinha uma enorme marca roxa de pancada.
-Não é nada. – disse ela dando de ombros. E assim saiu andando.
-COMO ASSIM NADA? Volta aqui! – mandou Sharon.
-Eu tô bem. Tem cappuccino? – perguntou dirigindo-se a uma mesinha com duas garrafas térmicas e alguns copos, açúcar, colheres.
-Eu fiz e... AH! Não muda de assunto! Me Deixa cuidar do seu braço! – Falou Sharon, exasperada enquanto agarrava a maleta de primeiros socorros.
-Eu já falei que tô bem. – Ela disse, enchendo o copo com cappuccino. – Só tá um pouco vermelho.
-Tá roxo!
-É... – disse tomando um gole.
-Deixa eu ver. – Exclamou Sharon.
-Não!
-Deixa!
-NÃO!
E as duas ficaram brigando por causa do maldito machucado, enquanto Oz só assistia sem saber o que fazer ou dizer.
-OZ! – Gritou Alice, abrindo a porta com tudo!
-EU! – respondeu gritando, também. – Como essa porta aguenta?
-Vamos! Tá na hora do lanche! – Exclamou Alice, mostrando o obento. – A hora mais feliz do dia!
-Ah... Claro! Vamos! – Ele disse empurrando Alice, apressado.
-Ei, ei. Calma, que foi? – perguntou ela.
-Digamos que a sala agora está como uma bomba. – Ele disse, com uma gota.
Alice viu as duas brigando e assentiu, ela e Oz saíram para o telhado.

***

Enquanto comia seu lanche, Oz observava a maneira como Alice comia, a jovem atacava o obento como se não houvesse amanhã.
-Está bom? – ele perguntou.
Antes de responder Alice engoliu.
-Muito! Muito melhor que o da loja de conveniência. – Ela sorria. Oz sorriu também, ele tinha uma sensação boa ao ver Alice sorrir.
Ele usou seus hachis para pegar o ovo, uma rodelinhas amarelas.
-Aqui. – Ele mostrou o ovo. – Prova e me diga o que acha.
Alice hesitou um pouco, mas acabou comendo o ovo. Seus olhos brilharam.
-Que delicia! – exclamou.
-Obrigada. – Agradeceu.
-Você que fez?
-Foi.
-Uuuh...
Alice voltou a comer feliz. Feliz demais. Seria a carne? O ovo? Será que...
-Alice... Você costuma comer sozinha?
A garota parou de comer e abaixou a cabeça, a sombra do CAP cobria o rosto da jovem, mas ela assentiu.
-Todo o dia... Digamos que, não gostam muito de mim. – ela disse, comendo um pedaço de carne.
Oz não sabia o que dizer, devia ser tão solitário...
-Bom, isso não vai acontecer mais.
-Hein?
-Quero dizer... – ele começou. – Mesmo que a Amanda-Chan tenha te forçado a cuidar de mim, eu quero ser seu amigo...
Alice fitou-o.
-Você tem certeza? Não gostam de mim, logo não gostarão de você.
-Tudo bem. – o jovem disse, olhando o céu. – Não ligo para o que os outros pensam sobre mim. E então? Somos amigos, certo?
Amigos. Alice gostava daquela palavra.
-Tá, tudo bem. Mas agora que é meu amigo, comprometa-se a me trazer carne para o lanche todos os dias, hein! De diversos tipos!
Uma gota escorreu pela testa de Oz, mas os jovem sorriu.
-Claro.
Alice sorriu também. Continuaram comendo até ouvirem um grito.
-O que foi isso? – perguntou Oz.
-Droga... De novo? – murmurou Alice.
-De novo o quê? – ele perguntou.
-Você vai ver. Vamos! – Falou, levantando com um salto e correndo em direção as escadas que levavam aos andares de baixo. Oz saiu correndo atrás dela. E agora? O que pode ter acontecido?


Capitulo 4 – Sociedade Baskerville.

Da sala do conselho estudantil, nossa “Justiça e Lei” bebericava uma caneca de Cappuccino, serena e de olhos fechados saboreava a bebida. Até que uma movimentação estranha e um grito a acordaram. Ela abriu um dos olhos castanhos e se aproximou para olhar pela janela, com a caneca ainda posta nos lábios.
-Eh? Então vocês resolvem atacar de novo, não é? – Ela coloca a caneca na mesa mais próxima. – Irritantes...
Então ela abre a janela e observa a cena, o vento batendo em seus cabelos bicolores.
-1, 2, 3... Jump. – E ela salta.
Caindo em alta velocidade ao lado do prédio da escola, Amanda segura em uma das ornamentações do prédio, que já ajudaram e a outras pessoas a escalar. Ela segura com as duas mãos e olha para os lados procurando algo.
-Ahá! – Exclama ela ao avistar o telhado de uma prédio mais baixo, esta pega impulso e salta, aterrissando pesadamente no prédio que avistou. – Tsc! Preciso melhorar minha aterrisagem.
Mas agora não era momento para isso, ela saiu correndo e pulou em algumas caixas de madeira ao lado do prédio e desceu como uma escadinha, ignorando o quanto balançavam. Depois de chegar ao chão, checou se tudo estava em ordem, seu CAP, o curativo que Sharon insistiu em fazer, seu cabelo, a única coisa que faltava era o sobretudo. É... Ajeitou a blusa branca e começou a andar na direção do tumulto. Um dos patrulheiros que chegou mais cedo a viu e correu até ela.
-Qual é a situação? – perguntou ainda andando em direção a multidão.
-Um incidente parecido com da semana passada.
-Sangue falso e os pertences de um estudante jogados no meio?
-Sim.
-Previsível.
-Hã?
-Não é nada. Tirem os alunos daqui, não quero mais rebuliço!
-Entendido, Amanda-Sama!
E assim foi feito, o patrulheiro avisou os outros e em pouco tempo os alunos foram dissipando, alguns olharam para Amanda, murmuraram coisas “É ela?”, “Nossa, a Justiça e Lei” e coisas assim... Amanda apenas abstraiu, poucos foram os que a viram e depois que o pátio ficou quase vazio, a jovem se aproximou para ver o incidente.
Exatamente igual ao da semana passada, sangue falso cobrindo os pertences de um estudante desaparecido. Amanda se agachou e examinou a cena mais de perto.
-Sangue falso? – Murmurou uma voz atrás dela. Alice.
-O mesmo da semana passada... – confirmou a jovem de cabelo bicolor.
-Er... O que tá acontecendo? – perguntou Oz.
-Sociedade Baskerville. – respondeu Amanda, olhando o sangue falso que ficará em pegara com o dedo.
-Quem?
-Um clube de uma escola vizinha. – Falou Alice. – Eles têm pegado no nosso pé ultimamente.
-Tão dramáticos. – suspirou Amanda e começou a revirar a bolsa do estudante.
-Ah... Amanda-Chan... – começou Oz.
-Sem “chan”. – pediu Amanda, sem tirar os olhos da bolsa. – Diga.
-Ah... Bem, o que você está fazendo com a bolsa?
-Como espera que o encontremos? Ah achei! – Disse tirando uma identidade de lá dentro. Ela levantou. – Vou levar isso para Jade. Não deixe que essa informação escape, silêncio absoluto até encontrarmos os dois estudantes desaparecidos.
-Entendido. – Disse Alice.
Amanda olhou para Oz.
-Ah, sim. Claro. – O jovem sentiu uma vontade súbita de bater continência, mas seria muito estranho.
-Vou providenciar a limpeza e... – Ela parou de repente e se virou rápido para as árvores.
-Que foi? – perguntou Oz.
-Nada... Só foi impressão. Eu vou indo. – Ela deu um acenou de cabeça e foi embora.
Só havia Alice, Oz e os pertences do desaparecido dentro de uma poça de sangue-falso.
-Ei, Alice. – começou Oz. – Eu posso esquecer qualquer chance de ter uma vida escolar normal, não é?
-É. – A resposta foi rápida.
-Sabia... – suspirou o loiro.
-Não se preocupe. Você se acostuma. – Disse a morena.
Será?, pensou Oz.

***
Andando pelos corredores da escola, Alice saia na frente. Agora que Oz parara para prestar atenção, Alice batia mesmo o pé enquanto andava.
-Alice. – chamou Oz.
Ela se virou.
-Oi?
-Err... Me fala um pouco sobre esses Baskervilles...
-Por que quer saber?
Ele sorriu.
-Ah, curiosidade, sei. Tá. – Ela se virou, ficando de frente para o jovem. – Como eu posso começar. Digamos que a Sociedade Baskervilles são alunos de uma escola que não tem mais o que fazer e gostam de atormentar as redondezas, todo mundo os conhece. Os rastros exagerados que eles deixar após cada ato que cometem são a marca registrada deles. Eu só conheço a líder e por nome, Charlotte, mas me disseram que é um grupo beeem grande. Depois que descobriram sobre a “Justiça e Lei”, não pararam mais de nos atormentar, antes eram coisas bobas, mas as coisas começaram a ficar séria com os sequestros.
-Mas por que eles fazem isso?
-Como eu disse. Diversão.
-Só?
-É. Eles são doidos. – E ela se virou e retomou a caminhada, mas parou ao não ouvir os passos de Oz. – Oz?
O loiro estava parado, pensando sobre o que Alice acabara de lhe falar. Era sério? Ariscar a vida de estudantes que não tinham nada a ver com isso por... Diversão? Oz começou a ficar irritado, ele não gostava muito desse tipo de gente, mas quem é que gosta?
-OZ! – exclamou Alice.
-Eu! – respondeu.
-Tudo bem? – ela perguntou, as grandes orbes violetas encarando o jovem.
-Ah... Eu estou! Claro que estou! Eu só preciso ir... pro meu armário. Isso! Armário.
-Ah, tá...
-Te vejo na sala do conselho estudantil mais tarde. Tchau! – Ele acenou e saiu correndo.
Alice acenou de volta, deu de ombros e continuou seu rumo até a sala do Conselho Estudantil.


Oz só parou de correr quando chegou ao seu armário. Esbaforido, eles se apoiou na parede de metal e ficou assim.
Até que ele se deu conta de uma coisa.
Por que, raios, ele tinha vindo para o seu armário?
-Ah, que seja. Não posso ficar matando aula. – E abriu a porta de metal, mas assim que fez isso, o jovem notou um bilhetinho branco com manchas vermelhas.
-Que isso? – Ele pegou o bilhete e leu.
“A próxima vitima é uma pessoa perto de você...”
Isso era o que estava escrito no bilhete com letras que pareciam terem sido escritas com o dedo e aquilo era... Sangue-Falso?
-Ah, grande! Um bilhete misterioso no meu armário. Que clichê! – Ele falou para o nada. – E que fetiche é esse por sangue-falso?
Enquanto podia simplesmente jogar o papel no lixo, Oz notou uma coisa. O “sangue” estava molhado, fresco. Aquele bilhete tida sido escrito a pouco tempo, talvez a apenas alguns minutos atrás...
-Mas como? – Ele olhou para o papel. – Deve ter sido alguém de dentro ou esse Baskervilles são mesmo uns ninjas.
Ele ficou balançando o papel na sua frente, olhando a “ameaçadora mensagem” escrita a dedo... Espera! Escrita a dedo? Digitais!
Oz fechou a porta com tudo e saiu correndo em direção a sala do Conselho Estudantil.


Capitulo. 5 – Tensão Pós Ataque

O jovem correu como um raio até chegar na sala no conselho, só parou quando ficou de frente para a porta, respirou fundo.
-Uffs. Tô correndo muito hoje. – Pensou e abriu a porta. Foi um grande erro, na hora que ele a abriu, um grampeador zuniu pelo seu ouvido.
-PALHAÇO ESTUPIDO!! – Gritou Amanda.
-QUE QUE FOI ISSO?!?! – Oz gritou de volta. – EU SOU INOCENTE!!
-Oz? – Amanda foi até ele.
-É!
-Desculpa! Não era para você.
-Pra quem, então? – perguntou o loiro, ainda assustado.
Amanda recolheu o grampeador.
-Foi... – Ela se virou lentamente. – PRA ELE!! – E jogou o apontador em um homem de cabelos brancos e sorriso brincalhão que estava sentado no canto da sala. Ele riu na hora que se desviou do apontador.
-NÃO RI DE MIM, PALHAÇO ÍNUTIL!! – Gritou a jovem de cabelo bicolor. Ela agarrou um livro e jogou no homem, sem sucesso. Oz estava com uma gota na cabeça enquanto observava Amanda jogar projéteis no homem misterioso.
-Olá, Oz-kun. – cumprimentou Sharon.
-Oi, Sharon-chan. – Ele disse, se aproximando. – O que está havendo?
-Ah. – Ela disse, olhando os outros dois. – Nada demais. Apenas o Break irritando a Amanda de novo.
Break sorria como uma criança, enquanto uma Amanda em fúria atirava tudo nele. Os olhos castanhos estavam negros. Ele se divertia, enquanto ela ficava cada vez mais brava.
-Break? – perguntou Oz.
-Um palhaço! – Exclamou Alice.
Oz se virou para encontrar a jovem com uma cara raivosa, no canto da sala se protegendo atrás de uma cadeira.
-Aaah... – Uma gota maior ainda apareceu na cabeça de Oz.
-Ela quis dizer “Nosso diretor.” – Corrigiu Sharon.
-DIRETOR? – pensou Oz. – Mas não tem uma pessoa comum nessa escola?
-Ora, vejamos o que tempos aqui... – Disse Break se aproximando, as mangas de sua blusa branca eram folgadas e grandes, ele tampava a boca com uma delas, mas podia ver que estava sorrindo. – Sr. Oz Bezarius?
-Ah, eu... – Disse o loiro. Ele olhou de perto, Break tinha mesmo cabelos brancos, mas não parecia ser velho. Talvez mais de 20 anos, no máximo. Um dos olhos estava coberto pela franja.
-Interessante. – Disse Break. Mas naquele momento, Amanda saltou e agarrou o pescoço de Break, ele não se abalou, apenas começou a cambalear para frente por causa do peso da menina. O loiro apenas ficou olhando os dois brigarem, ele pode notar com o canto do olho que os outros dois valentões estavam no canto da sala. Também havia uma menina de longos cabelos castanhos e olhos verdes cristalinos vidrados em uma tela de computador. Então, ele se lembrou do porque de ter vindo.
-Ah... Amanda-chan... – começou ele.
-Sem “chan”. Que foi? – ela disse.
-Ah, bem... – Ele tentou dizer, mas prestava atenção demais na “briga”. Ele tinha de falar do bilhete. Por falar no bilhete... – Ué, sumiu?
Do lado dele, Alice lia o bilhete com um expressão confusa.
-Que isso? – Ela perguntou, sacudindo o papel.
-Alice! – exclamou Oz.
-De houve veio isso? – ela perguntou.
-Isso o quê? - Amanda perguntou.
-Um bilhete escrito com sangue-falso que tava com o Oz. – explicou a morena.
-Como é? – Amanda exclamou, soltando-se de Break e indo até eles, ela agarrou o bilhete e leu. – Onde conseguiu isso?
-Estava no meu armário. – Ele disse.
-Huum... – A “Justiça e Lei” deixou o bilhete em uma mesa lá perto e foi até a jovem no computador. – Jade!
A jovem de olhos verde a olhou e sorriu, disse “pois não?” e Amanda sussurrou algo em seu ouvido. Jade fez que sim e voltou ao computador.
-Preciso do bilhete. – disse Jade.
-Oz. – Amanda chamou. – O bilhete, por favor.
-Ok. – Ele se virou para pegar o bilhete, mas... O bilhete tinha sumido.
-HEIN? Cadê?! – exclamou Oz.
-Como assim? – perguntou Alice.
-Sumiu. Evaporou. Tomou doril! – Exclamou o loiro, passando a mão pela mesa onde o bilhete estava.
-Hum. Sei. – Soltou Amanda.
-Eu não fiz nada! – Oz exclamou.
-Não tô culpado você! – afirmou Amanda. – Ah, que seja. Não preciso do bilhete. – Ela estalou os dedos. – Jack! Vincent! Cadeira. Suco. Já!
Assim com ela disse, os dois se moveram, Jack pegou a cadeira e levou até ela, onde a mesma se sentou e pegou o copo de suco que Vincent trouxera. Oz notou que apesar de obedecerem, ambos tinha uma expressão um tanto que irritada.
-Bem feito. – Pensou o jovem. – Quem mandou aprontar?
-Oz! Alice! Vão para sala de vocês. Não é bom que fiquem matando aula. – Amanda falou.
Alice soltou um muxoxo.
-Não to afim!
-Vai!
-Não quero.
-Alice!
-Não!
-ALICE!
-Ah, tá. Não grita, tô indo. Vem Oz. – Ele saiu batendo o pé. Oz deu tchau e foi atrás da Alice saindo da sala. O jovem não notou, mas desde que entrara na sala, Break fuzilava Vincent com os olhos e ele sabia exatamente quem roubara o bilhete.
Nos corredores, após alguns segundos depois de saírem da sala do conselho estudantil, Oz achou melhor falar.
-Ah... Alice... Não estamos indo para sala.
-Eu sei. – afirmou ela.
...
-Você vai matar aula, não vai?
-Vou. – Disse, se virando para as escadas que levavam ao telhado. Oz ficou parado a vendo sumir, então ela se virou.
-Você não vem?
-Ah, sabe... Acho melhor nãããããããoooo... - Oz acabou sendo puxado por Alice, que o levou escada acima a força até chegarem no telhado.
Assim que ela chegou lá, soltou o jovem e caminhou até a borda onde se sentou. Oz, que fora arrastado, limpou as roupas.
-Ah. Não uma boa matar aula.
-Eu não estou com vontade de ficar sentada em uma sala com um professor chato falando um monte de besteiras. – Falou ela, olhando o céu.
-Ok, mas se eu acabar levando bronca do diretor, a senhorita Kate me mata, então eu vou indo e... – ele disse já se virando.
-Espera! – exclamou Alice.
O jovem se virou rápido, olhando a jovem que invés de olhar para o céu encarava o jovem com uma face um pouco que assustada, depois que notou o que havia feito, corou e virou a cara.
-Nada. Pode ir se quiser.
O jovem continuou olhando para ela, suspirou e foi se sentar ao seu lado.
-Se eu me meter em encrenca, a culpa é sua. – E se sentou na borda.
Alice nada disse, mas percebeu que a atmosfera havia mudado, ela estava mais relaxada.
-Você detesta mesmo ficar sozinha, não é?
-Ah, fica quieto. – Ela falou, socando o braço dele.
-Ai. – ele murmurou.
O jovem olhou Alice por um tempo, ela parecia mesmo melhor, olhava serena para o céu. Ele tomou coragem e resolveu perguntar.
-Alice. – Ela olhou para ele. – Me conta.
-O quê?
-O que quiser. Alguma coisa sobre você.
-Por que você quer saber? – perguntou confusa.
-Curiosidade.
-Hum. Sabia. Tá, mas em troca, toda vez que eu te contar uma coisa sobre mim, eu quero que você me conte algo sobre você. Fechado? – Ela disse estendendo a mão.
-Fechado. – Ele disse apertando a mão dela.
-O que você quer saber?
Oz e Alice começaram a conversar, ele chegou a perguntar onde ela morava, mas a jovem apenas respondeu que morava em uma casinha simples e não disse mais nada. Assim como combinado, Oz contou algo sobre si mesmo, disse que morava em uma casa beeeem grande com sua irmã mais nova, Ada, e a governanta, Senhorita Kate. Eles continuaram conversando, conversando e se conhecendo melhor. Alice não iria admitir, mas era ótimo ter alguém com quem pode ficar de papo. Mesmo que Oz soubesse, ela não iria admitir que se sentia sozinha grande parte do tempo. A conversa continuou até o celular de Alice bipar, ela o pegou, um aparelho roxo, com um chaveiro de coelho negro.
-Ah, droga. Ela tem sempre que fazer isso. – reclamou a morena.
-O que houve? – perguntou Oz.
-Ah, nada de mais. Só a Amanda me mandando fazer a patrulha. – respondeu, guardando o celular, se levantando e já indo embora.
-Poxa na melhor parte da conversa. – reclamou Oz.
-... Vamos fazer isso de novo? – Pediu Alice.
Oz olhou para ela, Alice estava de costas, a jovem olhava fixamente a porta. Ela não queria que Oz notasse as suas bochechas.
-Quero dizer, conversar... – Ela terminou.
Oz sorriu.
-Claro!
-Então. Até amanhã! – E assim, a morena de olhos roxos saiu correndo, o loiro a acompanhou com os olhos até ela desaparecer pela porta. Assim que ela saiu, o jovem ficou sério e olhou para o céu, agora que ela se fora, algo que estava no fundo de sua mente voltou para martelar sua cabeça.
-Quem roubou a porcaria do bilhete? – perguntou a si mesmo.
***
Depois que escola acabou algumas horas depois, Amanda voltava para casa despreocupada, assobiando. Serena até se deparar com a sua casa e se é possível engasgar com o assobio foi o que aconteceu com ela.
Nas paredes da sua casa estavam escritas em letras grandes e pretas:
Criança manchada da cor do infortúnio.
Exceto por infortúnio, que estava pintada de vermelho.


Capitulo 6 – Trabalho, escolhas, perigo.

A jovem de cabelo bicolor correu para pegar um balde e um pano. Em pouco tempo estava tirando aquela frase da sua parede, assim que terminou caiu de joelhos e apoiou-se na parede.
-Droga... – E não demorou pra sua mente começar a vagar sem parar, em lembranças bem antigas.

***

No outro dia, na sala do conselho estudantil...
-Bom dia! – cumprimentou Oz, abrindo a porta da sala, mas notou que não havia quase ninguém na sala, a não ser pela jovem de cabelos castanhos que viu no dia anterior.
-Bom dia, Oz-Kun. – Ela sorriu.
-Bom dia... Jade-Chan, não é? – Ele caminhou até onde a jovem estava.
-É sim.
-O que você tá fazendo? – perguntou o loiro.
-Hackeando. – ela respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo.
-Os Baskerville?
-É!
-Ah. E por que você tá sozinha aqui? – perguntou Oz.
-Não estou. – Jade apontou para a direita e se deparou com uma Amanda de cara emburrada.
-Ah. Bom-dia, Amanda-Chan... – falou Oz.
A jovem soltou uma espécie de rosnado baixou, mas não se mexeu. Oz riu um pouco de nervoso e olhou para Jade.
-Ela tá me assustando...
-Liga não. Ela é sempre assim, só deixa ela quieta e fica tudo bem.
-ASSIM NÃO DÁ! – Gritou Amanda, quase virando a mesa. Assustando Oz, mas Jade apenas segurou o seu laptop. Amanda bateu o pé até um mural no canto da sala, que Oz não notara antes, o mural estava cheio de fotos, anotações e retratos dos estudantes desaparecidos. Amanda começou a bater no mural. – Vamos! COOPERA!!!
-Aaah... – Oz começou.
-Ignora. – Falou Jade. – Bom, vou continuar meu trabalho.
Jade estralou os dedos e voltou a digitar. Oz ficou olhando elas, Amanda tendo um acesso de raiva e Jade hackeando os Baskervilles até que alguém entrou na sala.
-Bom dia! – cumprimentou Gilbert, abrindo a porta.
-Bom dia, Gilbert-sensei! – Exclamou Oz. – Graças a Deus! Alguém normal!
-Bom dia. O que faz aqui, Sr. Bez- Digo, Oz? – perguntou Gilbert.
-Eu meio que faço parte do conselho estudantil agora. – Ele disse com uma gota.
-Ah! Então você conheceu a... – Então Gilbert olhou para o lado. – Amanda?
Como se fosse mágica, a jovem parou de gritar, se virou. E sorrindo disse:
-Bom dia, Gilbert-sensei.
De novo. Assim como na noite que Oz a conheceu.
-Essa menina é bipolar, não é possível... – pensou o jovem.
O professor apenas assentiu.
-Bom dia. – disse o homem de cabelos negros.
Amanda sorriu de novo, se virou e quando olhou para o mural voltou a bater nele e a gritar. Gilbert se virou para pegar um café e Oz... Bem, ele ficou na dele.
-VOCÊ NÃO TÁ COOPERANDO COMIGO!!! – Ela gritava batendo no mural. Oz foi até Gilbert-sensei, que bebericava seu café.
-Gilbert-sensei...
-Sim?
-A Amanda-chan sempre foi bipolar assim?
-Ah, mas ela... Ela não... – O professor olhou para a jovem histérica e suspirou. – Sim, sempre.
-Percebe-se...
-ABRI!! – Gritou Jade levantando os braços. – ENTREI NO SISTEMA!!
Amanda saltou para perto da menina, sentou e apoiou a cabeça nas mãos.
-Sério? – exclamou feliz.
Gilbert e Oz ganharam uma enorme gota.
-Vamos... Tá quase lá... – Mas então o computador fez um barulho estranho. Uma risada maquiavélica?
Silêncio...
-Ah, Jade-chan... – começou Oz, mas ele não pode terminar. Jade estava muito estranha, quase estática.
-Ví-ví-ví... – Só um de seus olhos piscava sem parar. – VÍRUS?! UMA PORCARIA DE VÍRUS?!?
-COMO ASSIM?! – gritou Amanda.
-ESSES IDIOTAS INFECTARAM O MEU LAPTOP! DEPOIS DAS NOITES QUE PASSEI DECIFRANDO AQUELA PORCARIA DE CÓDIGO!!! – Jade estava quase pegando o laptop e o jogando pela janela.
-ESSES MALDITOS BASKERVILLES!! – Gritou a jovem de cabelos bicolor.
As duas ficaram histéricas e começaram a gritar inúmeros xingamentos para os Baskervilles. Oz e Gilbert se entreolharam.
-Que tal... – começou Oz.
-Você primeiro. – Concordou Gil, apontando para a porta. E assim, de fininho, os dois saíram da sala.
-Eu vou demorar a me acostumar com a Amanda. – comentou Oz.
-Todos demoram, mas ela é uma boa pessoa.
-Eu sei. Bom, vou indo. – Oz se despediu e foi na direção oposta.
-Ei, ei. Onde pensa que vai? – Perguntou Gil.
-Ah, eu vou andar... Por aí. – falou Oz.
-Não. Você tem aula agora. Acha que não sei que você matou aula com aquele coelho estúpido? – Perguntou Gilbert, na sua melhor pose de professor.
-Ah, mas... – O jovem tentou falar.
-Sem “mas”. Vamos! – mandou Gilbert, segurando a orelha de Oz e o arrastando assim mesmo.
-AI! Peraí! Já vou! Ai, tá doendo! ESPERA!! – reclamava Oz enquanto era puxado.

Algum tempo depois, os gritos cessaram e Amanda voltou ao mural mais calma e, dessa vez, pensando. Jade também se acalmou e claro com as suas habilidades, deu um pé na bunda daquele vírus e voltou a trabalhar nos códigos e etc...
Alguns dias se passaram, mas não demorou para as provas começarem. Vários alunos corriam de um lado para o outro, alguns tinham mais facilidade enquanto outros não. Ouviam- se gritos desesperados e algumas pessoas os acalmando. O normal de uma semana de provas.
Já era de noite e em sua casa, no seu quarto debruçado na escrivaninha, Oz tentava entender os números de seu livro de matemática que mais pareciam hieróglifos.
-Nii-chan... – falou uma voz de menina.
Oz se virou e encontrou a sua irmãzinha, Ada, uma menina de 5 ou 6 anos, de cabelos e olhos iguais aos do irmão, ela usava uma camisola rosa e os longos cabelos estava presos para trás. Esta segurava uma caneca branca.
-Te trouxe chocolate quente. – Ela disse estendendo a caneca.
Oz sorriu.
-Obrigada, Ada. – Ele disse pegando a caneca e depois acariciou a cabeça da irmã. – É melhor você ir dormir, já está tarde.
-Você também, Nii-chan. – Ela disse, deu um abraço no irmão e foi embora, bocejando.
Oz voltou ao seu livro, mas assim que ia ler a primeira questão, seu celular tocou. Um aparelho verde claro que residia no canto da escrivaninha. Ele atendeu.
-Alô?
-Oz? – disse uma voz de garota que Oz reconheceu na hora.
-Alice?
-É...
Em uma casa simples, sentada em um sofá velho, estava Alice, os cabelos estavam soltos e estavam espalhados pelo sofá, ela usava uma blusa grande e branca como pijama. Ela abraçava um das almofadas.
-O que foi? – Perguntou Oz.
-Nada.
-Espera, como conseguiu o meu número?
Silêncio. Até que ambos disseram.
-Jade.
Oz pensou um pouco e resolveu arriscar.
-Estava se sentindo sozinha?
Alice corou.
-AH! Cala a boca!
Oz riu.
-Por que ligou?
-Só queria conversar...
-Então você estava se sentindo sozinha...
-Oz! Você tá me irritando! – falou Alice.
-Hehe. Desculpa.
-Tá fazendo o quê?
-Estudando.
-Ah...
-Matemática.
-Boa Sorte!
-Obrigada. E você estudou?
-Um pouco. Ah, sabe Oz? Que tal se você me desse uma ajudinha na prova e...
-Quê? Alice você quer colar?!
-Talvez...
-De jeito nenhum!
-Mas... Mas você é meu amigo.
-Sim! E como seu amigo, eu não te deixo fazer isso!
E os dois continuaram discutindo, até Oz finalmente convenceu Alice.
-Ah, Tá bom! – desistiu ela.
-Melhor. Bem, eu tenho que desligar.
-Já?!
-Então você está se sentindo sozinha?
Sem resposta.
-Alice?
-Estupido!
Oz apenas riu, que menina difícil.
-Vou levar um BBQ especial para você amanhã, então se anime.
-Ok! – exclamou animada.
-Boa noite.
-Boa noite.
E desligaram. Alice abraçou a almofada mais forte e dormiu no sofá, enquanto Oz se levantou, arrumou suas coisas e depois foi para a cama.

***

A vários quilômetros de distância dali, em uma sala escura lotada de seres encapuzados. Na frente deles tinha um quadro negro, literalmente, era negro com piche. E escrito em branco estavam algumas palavras soltas, algumas anotações, mas escrito bem forte estava:
“Criança manchada da cor do infortúnio.”
E mais em baixo tinha a palavra:
“Aniquilar.”


Capitulo 7 – Olhos de pérola.


De frente para o mural, Amanda tinha a cabeça apoiada nas mãos, ela encarava as anotações e fotos como se fossem algum outro valentão sujo. Sua mente trabalhava a mil.
-Por que, raios, eles iriam querer simples estudantes? – Pensava ela. – Eles estão definitivamente me irritando.
Então seus olhos se arregalaram.
-Espera aí...

Bem longe dali, no segundo andar, Oz andava lendo o livro de História, tentando memorizar todas aquelas datas e nomes.
-Aaah... Isso é impossível... – Murmurou ele. Oz estava quase atirando seu livro no chão quando ouviu uma melodia serena, doce, calma. Seus olhos brilharam.
Ele caminhou até onde vinha o som, a sala de música. Oz abriu a porta e espiou lá dentro. Era Annabell que tocava, os dedos estavam deslizando pelas teclas, ela estava de olhos fechados e balançava-se junto da melodia.
-Olá, Oz-kun. – cumprimentou ela, ainda de olhos fechados.
Ele entrou.
-Como sabia que era eu? – perguntou. – Não me diga que você também reconhece os passos como a Amanda?
Bell riu.
-Claro que não. Você é a única pessoa que não sabe que eu sempre toco a essa hora, logo, achei que era você. – explicou, enquanto terminava a melodia.
-Entendo. Você é muito boa no piano.
-Obrigada. – Ela sorriu, meio corada. – Piano é minha paixão desde pequena.
A jovem voltou a tocar, notava-se muito fácil o quanto ela amava tocar. Oz se perguntava como uma garota serena como a Annabell se dava tão bem com uma bipolar doida como a Amanda. É, os opostos se atraem mesmo.
-Como vocês se conheceram? – Oz perguntou, por perguntar.
Ela parou.
-Eu e quem?
-Você e a Amanda-chan. – explicou Oz.
-Ah. – Um sorriso apareceu no rosto da jovem. – Já faz muito tempo.
-Posso saber como foi? – perguntou ele, os grandes olhos verdes a olhando.
Ela sorriu.
-Você parece ser um garoto bem simpático e eu confio em você. Não sei explicar bem, mas... Ah, senta aqui. – Ela disse batendo de leve no acento ao seu lado, assim ele fez.
Ela voltou a dedilhar as teclas, Oz fechou os olhos. Annabell era realmente uma grande pianista.
-Ah, mais ou menos 14 ou 15 anos atrás, nasceu uma menina. Ela já tinha alguns fiapos de cabelo e os olhos pareciam feitos de cristal. Ela era a alegria dos seus pais, mas isso foi só por alguns minutos. – O sorriso sumiu de seus lábios. – Pouco tempo depois do parto, sua mãe morreu. Ela era uma pessoa fraca, o médico dissera que talvez ela não aguentasse o parto. Bem, ele estava certo. O pai ficou desolado e apenas culpava a pequena pela morte da mãe. A criança cresceu, os olhos tinham uma cor rosada bem clara, ela parecia uma boneca de porcelana. Entretanto o pai agia como se a menina não existisse, ela nem chegara a receber um nome. E quando quebrava alguma coisa, errava alguma coisa, fazia alguma bagunça, o pai apenas a batia ou dizia que ela era uma praga ou coisa do gênero.
A jovem limpou uma lágrima solitária que apareceu em seus olhos, mas continuou.
-Mesmo assim, a menina não conseguia odiar o pai. Porém quando tinha 4 anos, ela não conseguiu aguentar mais e fugiu de casa. Saiu correndo, só tinha as roupas do corpo, um pedaço de pão meio podre e nada mais. Ela andou dia e noite, dormindo em pontos de ônibus e recebendo a ajuda de poucas pessoas que sentiam pena dela.
-Bell-chan... – murmurou Oz, triste.
- Mas! – Annabell sorriu verdadeiramente. – A vida dela estava para melhorar! Certo dia ela não aguentava mais andar e acabou caindo no meio da rua, teria morrido de fome se uma garotinha de cabelos loiros Chanel com as pontas vermelhas e grandes olhos cor de chocolate. A menina loira a carregou até a casa onde estava morando sem pensar duas vezes e sem se importar em como a menina estava suja e fedida. Ela a levou até lá e com a ajuda de uma bondosa moça de cabelos longos e quase negros, chamada Katherine cuidaram da menina. Deram a ela amor e carinho. Ela aprendeu a escrever, a ler e a tocar piano.
Annabell tinha lágrimas nos olhos.
-Elas até deram um nome para ela. Annabell.
Oz estava sem palavras.
-E foi assim. Tenha paciência com a Amanda, ela é uma ótima pessoa e se não fosse por ela, eu estaria morta. Ela foi e é a mãe que nunca tive e eu a amo muito. – Bell sorriu e Oz também. O jovem começou a pensar, talvez Amanda não fosse só uma bipolar doida e sim algo mais.
Mas então um grito cortou o silêncio.
Oz já sabia. Os Baskervilles atacaram de novo.


Capitulo 8 – A criança manchada da cor do Infortúnio.

   Annabell e Oz saíram correndo pelos corredores até chegarem  na sala do conselho, a janela estava quebrada e uma Amanda estática a encarava.
-Amanda! – Chamou Annabell, a loira se virou. – O que aconteceu?
-Sharon...
-Eh?
-Eles levaram a Sharon... – Amanda tremia.
   Annabell arregalou os olhos, até Oz ficou estático.
-Como assim?! Quando?! Você não estava aqui?!
-Eu... só sai por alguns segundos, quando voltei a Sharon... Estava sendo arrastada por alguém e... – Ela apontou para aquela janela, a mão tremia tanto.
   Amanda limpou uma lágrima de sua bochecha. Oz nunca a vira assim parecia muito abalada, até desesperada. Sharon devia ser alguém mesmo importante para ela.
-Então levaram a Srta. Sharon? – Falou alguém atrás deles.
-Ah! Break-kun! – Falou Annabell.
-De onde ele veio? – Pensou Oz.
   Break ficou olhando a janela, mas percebeu que Oz o encarava então ele sorriu como sempre e disse:
-Ora vejam só? Que tragédia, não é mesmo?  Com licença. – Ele disse, andando a até a porta. – Tchau, tchau, Amanda-chan.
   Amanda continuou de cabeça baixa, o que era estranho, pois ela detestava que a chamassem assim. O sorriso no rosto de Break sumiu assim que ele fechou a porta, assim saiu andando pelos corredores, amaldiçoando mentalmente uma certa pessoa.

   Algum tempo depois do incidente, Amanda ficou sentada na janela quebrada. Olhando o nada com uma expressão vazia.
-Como eu pude ser tão tonta a ponto de isso acontecer. – Pensou ela com raiva de si mesma.
   Há alguns metros, o jovem loiro a olhava, triste. Era melhor ver a Amanda irritada do que triste daquele jeito.
-Oz-kun.  – Annabell ficou ao seu lado.
-Sim?
-Posso te pedir um favor?
-Ah, claro.
-Pode me visitar depois da aula?
-Eh?
-Na minha casa. Aqui. – Ela disse entregando um pedaço de papel.
-Ah, tudo bem eu ir?
-Claro. – Ela sorriu. – E não se preocupe com a Sharon-chan, tenho certeza que uma certa pessoa já foi atrás dela.
-... eh?

***

-ARGH! Isso não acaba?! – Gritou Oz, enquanto subia uma ladeira. Ele usava uma camiseta branca, de mangas curtas e calças jeans com tênis. O jovem pedira informação umas quinze vezes até se depara com a ladeira. – Ufa! Cheguei no topo.
   Ele olhou o papel.
-Agora é só seguir em linha reta. Eu vou tomar uma jarra de água quando chegar!
   Essa parte da cidade era mais arborizada, a ladeira fora um desafio, mas a vista valia a pena, o ar puro, os pássaros cantando e os outros animais brincando entre si ou cochilando. O jovem seguiu pela estrada de grama e não demorou muito para avistrar uma casa ao longe, ele apertou o passo, chegando cada vez mais perto da construção, parecia ser uma casa simples, porém grande, bem grande, feita de tijolos, o telhado já apresentava aquelas manchas escuras, mas a casa estava em bom estado, parecia ter uma aura caseira, do tipo que diz: “Entre, seja bem-vindo. Temos biscoitos e chocolate quente.” O jovem não pode deixar de sorrir, ele viu crianças brincando ao fundo, 2, 3 depois 4 e 5, até que de 6 passaram a 12 e assim por diante. Como era possível que tantas crianças morarem na mesma casa que Annabell? Talvez fossem seus irmãos. Não, não deviam ser. A sua direita, uma placa - de madeira com as palavras escrita com tinta branca, contornada por tinta preta e um pequeno desenho de asas no canto - respondeu a pergunta. Nela estava escrito:
“Orfanato Anjo Branco”.
-Um... Orfanato? – murmurou Oz. Isso explicava o porquê de tantas crianças. Então, isso significava que... Oz caminhou para dentro do terreno, chegando mais perto da casa, duas crianças passaram correndo por ele, seguidos de uma mais atrasada que parou e olhou para Oz, um garotinho de 4 anos, ele sorriu mostrando o sorriso banguela de quem acaba de perder um dente de leite e voltou a correr atrás de seus amigos.
   O jovem notou uma outra pessoa há alguns metros, uma garota regando as plantas.
-Ah, com licença?
-Pois não? – Falou a garota se levantando e olhando para a direção de onde viera a voz.
Silêncio. A garota era Amanda.
-Eh? – soltou Oz, com uma gota.
   Amanda arregalou os olhos, esta usava um macaquinho rosa-claro até os joelhos quase branco, folgado, por baixo de um avental amarelo onde no canto estava escrito em vermelho com um coraçãozinho ao lado, “Okaa-sama”.
-AMANDA-CHAN?!? – Gritou Oz.
-OZ?!?! – Gritou Amanda.

***

    Era uma sala escura, iluminada apenas pela luz que saía da sacada, Sharon respirava com dificuldade, caída no pé do sofá. Um vulto entrou na sala que correu até Sharon.
-Senhorita! – disse Break.
-..eh? – foi a resposta.
-Ora, ora. Veja só. – Ouviu-se uma voz da sacada.
   Break não teve nenhuma surpresa.
-Vincent.
   Apoiado no corrimão da sacada, lá estava ele, com os olhos bicolores brilhando nocivos. Um sorriso no rosto que não podia dizer se era amigável ou não.
-Olá Break.
-Seu rato, o que fez com a senhorita?
   Vincent deu de ombros.
-Eu sou um homem de hobbies estranhos, um deles é colecionar venenos. – Ele riu. – Também sou curioso demais, quis testar um dos meus venenos mais raros... E que cobaia melhor que a Presidente, não é mesmo?
   Break o encarava com tanta raiva, quem ele pensa que é para simplesmente usar alguém assim?
-Mas... – A expressão de Break mudou de furiosa a confusa. – Estou disposto a entregar o antídoto com uma condição.
Silêncio.
-E qual seria?
-Parem de procurar pelos Baskervilles.
-O quê?
-Sim, certo que algumas crianças sumiram, mas não se faz uma omelete sem quebrar algum ovos. Precisávamos chamar a atenção dela. Se você quer o antídoto, deve me garantir isso.
   Droga. Um beco sem saída. Break não se importava com as outras crianças, sabia que elas eram só um chamativo, ele tinha de ajudar Sharon.
-Break, não. – Ele ouviu a voz fraca de Sharon quando ela segurou a camisa dele. – Eu estou bem, pode ser uma armadilha.
   Break a olhou e depois sorriu.
-Essa garota... Se acha tão adulta. – Pensou ele e depois beijou a testa da jovem. Esta recuou surpresa e corada. Break voltou sua atenção para Vincent que continuava sem mudar de expressão. – Trato feito.
-Ótimo. – Sorriu Vincent, jogando um frasco de vidro na direção de Break que o pegou sem problemas.
-Como posso saber se esse é o antídoto ou não?
-Posso ser muitas coisa, Break, mas pelo menos eu tenho palavra.
   O homem de cabelos brancos, ainda que desconfiado resolveu entregar o frasco a Sharon e o bebeu. Ele a ajudou a levantar e assim que os dois chegaram perto da porta, Vincent pigarreou.
 -Ah, e mais uma coisa, Break. – Ele sorriu. – Não se atreva a contar nada disso a ninguém, principalmente para aquela pestinha loira, senão os danos poderão ser ainda piores.
-...humpf. – Break soltou, e assim saiu da sala com a Sharon.
-Você não devia ter feito isso. – Sussurrou Sharon, se sentindo melhor, graças ao efeito do antídoto.
   Break sorriu.
-Ás vezes, senhorita. Você subestima demais a sua “irmãzinha” Amanda. – Sharon o olhou e então suspirou.
-Talvez você esteja certo.               

***

-O que você tá fazendo aqui? – Perguntou Oz, ainda surpreso.
-Eu MORO aqui! O que você tá fazendo aqui?
-A Bell-chan me convidou!
-Aaaa… ANNABELL! – Gritou Amanda.
   Alguns Segundo depois, saltou pela porta uma garota que usava o mesmo avental, mas este tinha escrito “Onee-sama”, por cima de um conjunto simples de shorts e blusa branca.
-O que foi, okaa-sama? – Ela perguntou. – Ah, olá Oz-kun.
-Okaa-sama?
-Ah, isso-
-Não é nada. – cortou Amanda. – O que ele faz aqui?
-Eu o convidei. – Ela sorriu.
-Por quê?
-Porque sim, oras. Ele é nosso amigo. Mais cedo ou mais tarde, ele apareceria por aqui.
   Amanda iria dizer alguma coisa, mas acabou desistindo, apenas suspirou.
-Bom, que seja. Bem vindo ao Orfanato Anjo Branco, Oz.
-Ah... – Ele ainda estava digerindo a situação. – Obrigada.
-Eu vou voltar lá dentro para cuidar dos biscoitos, sinta-se a vontade, Oz-kun. E você, Okaa-sama, seja gentil. – Assim, Annabell voltou saltitando para a casa.
   Silêncio.
-Ela te chama assim porque você a salvou aquele dia? – perguntou Oz.
-EH? Como você sabe disso? – Amanda perguntou, meio corada.
-A Bell-chan me contou.
-Ah, ela contou, né? – Amanda olhou os próprios pés. – Ela deve confiar mesmo em você.
-Desculpa aparecer do nada, se quiser eu vou...
-Não, tudo bem. Fiquei pelo menos para o lanche, Annabell e Katherine cozinham muito bem.
-Ah, tudo bem. – Oz sorriu.
    Amanda deu a volta pela casa e foi até a porta que estava totalmente aberta, com as portas de madeira e de vidro escancaradas, crianças iam e viam, algumas quase tropeçavam, Oz ficou parado do lado de fora, encostado na parede.
-Toma. – Uma caneta de chocolate apareceu perto dele, segurada pela Amanda. – Os biscoitos e bolinhos ainda não estão prontos.
-Ah, obrigado. – Ele disse, aceitando a caneca.
   Os dois ficaram em silêncio, bebendo o chocolate, os únicos sons eram as crianças e a cozinha lá atrás.
-O quanto ela te contou? – Amanda perguntou.
-Tudo. – Respondeu Oz.
-Tudo? Tudo mesmo?
-Tudo sobre ela.
-Ah.
   Amanda olhou o chocolate que de um minuto para o outro se tornou a coisa mais interessante ali.
-Foi incrível.
-Eh?
-O que você fez pela Annabell. – Oz sorriu.
-Não foi nada demais. – Ela olhou pro lado, corada. – Eu não podia deixá-la daquele jeito. Eu sei o quão ruim é.
-Amanda-chan...
-Sem “-chan”.
-... Não me diga que você é órfã também?
   Ela assentiu.
-Algum problema com isso?
-Não! Não, é que eu pensei que a Katherine-san fosse sua mãe.
-Não. – Amanda sorriu triste. – Quem dera fosse.
   Mais silêncio. Oz se sentia meio estranho, afinal ele era um jovem rico. Podia não ter muitas empregadas, mas sua casa era grande enorme. Nascera rodeado de luxo e outras coisa, mesmo que isso o irritasse um pouco. E ele viu essa casinha, uma casa grande, mas ainda sim, tão pequena para tantas crianças.
-Acho que... – Amanda começou. A atenção de Oz voltou a ela. – Não tem problema eu contar sobre mim agora...
-Eh?
-Se você estiver disposto a ouvir.
-Claro. – Oz falou sem pensar. – Quer dizer, eu não me importo e...
-Eu entendi.
-Você vai mesmo contar?
-Por incrível que pareça você parece ser alguém confiável, então, acho que não tem problema.
-Ah, obrigado?
   Amanda deu de ombros.
-Você sabe o que é uma criança do infortúnio?
-O quê?
-Pelo visto, não. – Ele suspirou. – Diz uma certa lenda que qualquer criança que nasceu com alguma espécie de mancha vermelha pelo corpo, independente se é nos olhos, cabelos ou no corpo em si é destinada a trazer azar e tristeza.
   Oz tentou evitar de olhar para as mechas de Amanda, mas não conseguiu.
-Tudo bem. Estou acostumada. – Ela disse.
-Mas você pintou! ... Não é?
   O silêncio de Amanda respondeu por ela.
-Isso... – Ela começou. – Pode ser uma simples lenda boba e idiota, mas há quem acredite. O meu azar foi que meus pais acreditavam.
   As crianças brincavam em um pequeno parquinho nos fundos da casa.
-Eu nem sequer me lembro do rosto deles, eu era tão novinha... As poucas coisas de que me lembro eram minha comida eram o lixo, as pessoas que me jogavam coisa por causa da cor do meu cabelo. Eu vivi sozinha por um bom tempo, creio eu.
   Ela suspirou, parecia ser difícil para ela.
-Aman-
-Eu vou contar! – Ela respirou fundo. – Eu não tenho muito que dizer, algumas pessoas sentiam pena de mim e me ajudavam, claro, se eu escondesse meu cabelo. Perdi a conta de quantas vezes eu cortei e ele voltava a ficar vermelho. Certo dia, nevava tanto e eu não tinha nada para me agasalhar, acabei caindo na neve, com fome, com frio.
   Ao fundo as crianças brincavam de pega-pega, uma delas viu a expressão séria de Amanda e a ficou encarando. A jovem percebeu e sorriu para ela que retribuiu e voltou a brincar.
-Como você veio parar no Orfanato?
   Amanda olhou para ele.
-Naquele mesmo dia de neve, eu fiz uma reza.
-Reza?
-É. Eu me lembro perfeitamente. Eu estava para morrer, mas eu não estava com medo.
   Uma garotinha de mais ou menos 4 anos, com roupas esfarrapadas, estava jogada na neve, com os cabelos channel embaraçados loiros e avermelhados nas pontas envoltos na neve. A pele clara machucada, a menininha estava caída, ela abriu a boca para dizer suas ultimas palavras.
-Querido Deus. – Começou ela. – Eu não sei o que fiz para merecer isso... Tudo bem, mas eu desejo uma segunda chance, uma segunda vida e nela quero algo...
-Pelo qual eu possa lutar. – Terminou Amanda, o vento batendo em seus cabelos bicolores os jogando longe, iluminando ainda mais a parte vermelha. – Depois disso eu dormi e quando acordei eu estava quentinha, em uma cama macia com uma moça de longos cabelos e olhos escuros amigáveis me olhando, ela sorriu para mim e disse que estava tudo bem.
-Katherine-san?
   Amanda assentiu.
-Depois disso, ela me acolheu, conheci pessoas que nem ligavam para a cor do meu cabelo, que gostavam de mim pelo que eu era então eu entendi. De alguma forma, Deus me ouviu e me deu uma segunda vida, me apeguei tanto a isso que eu faço de tudo por eles. – Ela olhou para os pés. – É... É... Difícil explicar.
-Eu entendi. – Oz sorriu. – Eu até sinto inveja.
-Como?
-Você nem tem laços de sangue, não sabem quem são seus pais, passaram por tanta coisa, mas mesmo assim vivem felizes, são praticamente uma família. – Ele suspirou. – Queria que fosse assim comigo também.
-Relações familiares ruins?
-Algo mais grave que isso. – Então ele notou o que estava fazendo e sorriu sem-graça. – D-Desculpa. Eu não quero te encher com isso. Hehe...
   Amanda o encarou.
-Não tem problema.
-Eh?
-Somos amigos agora, não somos? – Ela sorriu. – Se tiver algum problema não pense duas vezes em me chamar.
   O vento soprou de novo, algumas folhas voaram. Oz ficou encarando a jovem, pela primeira vez não teve medo de botar um pouco do seu fardo no chão. Ele podia não se sentir totalmente confiante, mas ele ainda sim sentia uma sensação boa vindo da Amanda, uma aura de mãe.
-Meu pai me odeia. – Ele disse por fim. – A única pessoa que eu sentia que gostava de mim de verdade era minha mãe, mas ela morreu alguns anos atrás, deixando a mim e minha irmã – Ada - sozinhos. Eu lido bem com isso, está tudo bem.
-Não está não.
-Está sim.
-Não tá!
-Tá!
-Como você é teimoso!
   Oz riu. Então sentiu algo gelado tocando sua bochecha, isso o assustou um pouco e virou para ver uma Amanda irritada, segurando a caneca de chocolate gelado.
-Já vi que você não vai fazer nada, então terei de cuidar de você.
-Eh?
-De hoje em diante, eu serei a sua mãe.
   Silêncio.
-EEEEHHH?!? – Ele gritou. – Mas... Mas... Como assim?!
-Ué. – Amanda inclinou a cabeça como se o que ela havia dito fosse a coisa mais fácil de entender. – Não é obvio? Você está passando por dificuldades e eu vou te ajudar. Afinal, eu sou a Justiça e Lei e esse é meu trabalho também. – Disse, dando uma piscadela.
-Amanda-chan... – murmurou Oz, depois sorriu. – Obrigado.
-Claro e... – Ele deu uma peteleco na testa dele.
-Ai!
-Sem “-chan”! Que coisa! Ah, já sei. Fica aí.
-Mas...
-Fica!
   Amanda correu para dentro, Oz não entendeu muito bem o que ela estava dizendo, mas quando tentava se aproximar para ouvir melhor, Amanda saltou porta afora, fazendo ele pular para trás.
-Aqui. – Ela disse. Entregando um pano cheio de biscoitos e uma garrafa térmica grande, cheia de chocolate.
-Para quê isso?
-Quero que você vá visitar a Alice.
-Alice mora por aqui?
-Mora, não é muito longe. Vê aquela casa lá em cima? – Ela disse, apontando para uma singela casinha não muito longe. – Lá está.
-Ela mora sozinha?
-Eu não quis, mas ela insistiu. Mesmo assim, ela tá sempre por aqui. Mas ultimamente ela não tem vindo aqui, então que tal fazer uma surpresa?
-Por que logo eu?
   Amanda fechou a cara.
-Já saquei. Então todo aquele papo de amizade era mentira, né?
-Quê?
-É isso que você faz com a pobre Alice, né? Enche ela de falsas esperanças e sem mais nem menos, dá um pé na bunda dela.
-O QUÊ?
-Tá bom! Bezarius! Já saquei! Pode deixar que vou dizer a ela que o MELHOR AMIGO dela deu para trás! – Falou Amanda, tirando o lanche das mãos de Oz.
-QUÊ? NÃO! – Ele pegou o lanche de volta. – É lá em cima, né? Então, tá. Tchau e Obrigada, Amanda-chan.
   E lá foi Oz, saindo correndo segurando o lanche, assustando algumas crianças com a pressa.
   Uma moça de quase trinta anos pôs a cabeça para fora, ela tinha longos cabelos negros assim com os olhos, o sorriso era doce.
-Você é tão dramática, Amanda.
-Eu? Não! Os garotos que são complicados. – Bufou ela, mostrando a língua.


   Oz corria bem rápido segurando o lanche, não demorou muito para encontrar a casa, que era bem velha, mas tinha uma aparência aconchegante. Antes de o jovem bater na porta, ele se lembrou das palavras de Amanda. “Melhor Amigo.” Era assim que Alice o via? Sem perceber aquilo o fez sorrir. Ele bateu na porta, mas esta abriu sozinha. Estava destrancada.
-Com licença? – Ele disse, entrando. – Alice?
   Ele ouviu vozes vindas de uma porta ao fundo, entre aberta, ele passou pela sala que nada tinha além de um sofá velho, e uma mesinha ao longe com uma TV, ele passou por uma cozinha simples e chegou até a porta, a surpresa dele não foi menor quando ele encontrou Alice, rodeada de coelhos, usando um vestido roxo, dando uma cenoura a um dos coelhos.
-Alice... – Falou Oz.
   A jovem de olhos arroxeados virou rapidamente, quase caindo para trás.
-O-O-O-OZ? – Ela gritou, completamente surpresa.


Capitulo 9 – Surpresas.

-O-O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?!?! – Alice gritou, correndo atrás de uma das árvores, se escondendo.
-Ah, desculpa. Eu não queria te assustar. – Disse Oz, balançando a mão livre.
-E-Eu não tô assustada! – Ela falou atrás da árvore.
-Alice. Você se escondeu atrás da árvore.
-Eh? Ah... – ela disse, saindo. – Reflexo.
   Oz começou a rir.
-Ei! Para de rir! – Falou Alice de cara fechada.
-Desculpa... – Ele disse. – Caramba, você é mesmo uma coelha, Alice. – pensou ele, pela maneira como ela se escondeu e lembrando o apelido que ela tinha na escola, ainda que a parte do terrível não fizesse sentido.
-Como você me achou? – a morena perguntou.
-Ah, a Amanda me pediu pra-
-Amanda? – Ela inclinou a cabeça. – Como você achou a Amanda?
-Annabell.
-Ah!
-Bom, como eu dizia. Eu trouxe lanche. – Ele disse, sacudindo os biscoitos e a garrafa.
   Alice sentiu o cheiro, ela o conhecia tão bem. Os biscoitos da Annabell. Ela foi até ele e pegou o lanche.
-Então, vamos. Vou te retribuir pelos obentos. – Ela disse, indo até a porta.
-Mas não foi você que fez os biscoitos. – Ele disse.
-Vale mesmo assim.
-Porque você não me convida logo?
-Vem de uma vez! Vai perder os biscoitos.
   Oz suspirou e seguiu Alice pela casa, que Oz percebeu que se parecia com a dona, um pouco desarrumada e meio temperamental. Se é que pode  dizer isso de uma casa.
   Alice abriu o pano e dele saiu o cheiro dos biscoitos, se o cheiro já era bom, imagina o gosto.
 -Senta ali. – Ela apontou para um banco de madeira do lado oposto ao que ela estava, separados por uma bancada. Ela pegou duas canecas e encheu com o chocolate. Oz se sentou e pegou uma das canecas, já havia tomado chocolate, mas ele não podia recusar.
-Então. – Oz começou. – Descobri que sou seu melhor amigo.
   Alice engasgou com o biscoito.
-Calma, Alice, calma. – Oz falou, com uma gota.
-Quem te contou? – Perguntou ela, se recuperando do engasgo.
-Amanda-chan... – Falou ainda com uma gota.
-Droga. Eu vou matar ela depois. – Resmungou Alice.
-Você não queria que eu soubesse?
-Ah... – Alice ficou um pouco corada. – Não, não é isso. É complicado...
   Oz sorriu.
-Eu fiquei feliz... Quando soube.
-Eh? Sério?
-É. Por quê?
-Não sou o tipo de pessoa que outros gostem que fiquem por perto.
   Oz a encarou, ela olhava para os pés. Ele pôs a caneca na mesa.
-Sabe Alice, não é bom guardar uma coisa que machuca só para você. – Ao ouvir isso, Alice se remexeu desconfortável. – Eu sou seu amigo, ou melhor, seu melhor amigo, eu vou te ouvir e não vou rir de você.
   Um pequeno momento de silêncio se seguiu depois.
-É complicado.
-Eu sei. Tudo bem, não precisa dizer se não quiser.
   Ele jogou a cabeça para trás e ficou olhando o teto da casa. Alice olhava ou pra caneca ou para o Oz.
-Melhores amigos contam segredos um para o outro, não é? – Pensou ela, apertando a caneca em suas mãos. – Eu quero ficar mais próxima dele... Eu posso confiar no Oz.
   Então, tomou coragem.
-Sabe... – Ela começou e Oz olhou para ela. – Conheçe o nome Terrivel Coelho Negro?
-Eu já ouvi.
-Não está errado... Quando eu era mais nova, meus pais me deixaram, não me lembro deles, não me lembro sequer do assistente social que cuidava de mim. – Ela disse, meio amarga. Não devia gostar do assistente em questão. – A única coisa que eu tinha era um... um... – ela corou.
-Um? – perguntou Oz.
-Um coelho de pelúcia... Bóris.
-Ah...
-Ele era meu objeto mais precioso, eu nunca me separei dele. Sei que pode parecer idiota eu confiar em um boneco de pelúcia. – Ela riu, desanimada. – Eu nunca fui confiável, nunca fiquei em um mesmo lugar por muito tempo, quando alguém chegava perto de mim, eu agia como um animal, diziam que... Que eu tinha os olhos raivosos de um demônio.
   Oz ficou em silêncio, como assim? Os olhos de Alice eram tão lindos, de um roxo incomum, diferentes, bonitos.
-Quando atingi a idade certa, o tal assistente resolveu me por em uma escola. Ele era um idiota, mas até que não foi de todo mal.
-Por quê?
-Porque foi naquela escola que conheci a Amanda. – Ela olhou para cima, se lembrando.

   Crianças corriam para todos os lados, pintavam, escreviam, brincavam, era uma sala de aula. Mas só uma garotinha, com longos cabelos castanhos, com duas tranças laterais, estava escondida em um canto, observando as outras crianças com grandes orbes roxas brilhantes, toda vez que alguém se aproximava dela ela rosnava, os assustando. Até que uma garotinha da idade dela, com cabelos loiros com as pontas vermelhas até os ombros foi até ela. Alice rosnou.
-Grrrr, pra você também. – Sorriu Amanda.
   Silêncio por parte da morena.
-Vamos lá fazer a atividade. – Sugeriu ela.
-Eu não vou. – Disse Alice. – Eles vão fugir de mim, todo mundo foge de mim, até meus pais fugiram de mim. 
-Meus pais fugiram de mim também. – Disse Amanda com naturalidade, balançando os cabelos. – Sou uma criança diferente.
-No quê? – Alice perguntou, Amanda sorriu.
-Não é nada. Vamos? – Ela estendeu a mão. Alice olhou para o lado, Amanda fechou a cara e olhou do lado de Alice, lá tinha um coelho de pelúcia.
-Que gracinha! – Disse Amanda, pegando o coelho.
-Ei! – Alice gritou.
-Você gosta de coelhos, Alice?
   Ela ficou encarando Amanda, mas por fim disse.
-Gosto. Muito.
-Eu também. – Exclamou animada. – Eu os adoro! Viu? Já temos algo em comum.
   A menininha sorriu, a outra ficou olhando para ela, Amanda estendeu a mão de novo e dessa vez Alice a segurou.

-Foi assim que aconteceu. – Disse Alice, sorrindo um pouco.  – Depois disso, Katherine conseguiu a minha custódia e eu passei a morar com a Amanda e a Annabell.
   Oz sorriu. Amanda era mesmo uma boa pessoa.
-Mas por que você está aqui?
-Por que eu os encontrei. – Ela disse apontando para a porta dos fundos. – Sabia que coelhos morrem de ficarem sozinhos? Eu tinha que ficar sempre com eles.
-Não dá trabalho?
-Dá, mas tudo bem. Eu adoro coelhos.
   Ela sorriu, um sorriso que dessa vez ela não reprimiu, Oz gostou de ver aquele sorriso, ele queria que continuasse no rosto dela.
-Eu posso te ajudar, se quiser.
-Sério?
-Claro, eu também gosto de coelhos. E eu sei o quanto você gosta deles. Conte comigo.
   Alice sorriu de novo e assentiu. Os dois terminaram de lanchar e Alice convidou Oz para conhecer os coelhos, cada um tinha um nome, Oz levaria um tempo para lembrar de todos, mas tudo bem. Ele deu cenouras a eles, brincou e viu os filhotes, nem perceberam o tempo passar, quando deu por si, já era mais de oito horas.
-Caramba, já está tarde assim? – Ele olhou para o céu.
-É o que parece, é melhor você ir. Não quero te causar problemas. – Falou Alice, pondo o ultimo dos coelhos no cercado.
-Ah, isso não é um problema. Ruim mesmo é aguentar a senhorita Kate. – Ele falou com uma gota. Os dois foram até a porta da frente.
-Ah, Oz. – Alice chamou.
-Eu trarei um BBQ especial para você amanhã.
-Não era isso que ia dizer. – Ela fechou a cara. – Acha que sou tão interesseira assim? – Ela cruzou os braços e ficou de costas para ele.
-Ah! Não! Desculpa, Alice. Desculpa! – Ele disse balançando os braços.
   Ela se virou para olhar para ele e mostrou a língua.
-Brincadeirinha.
-EH?!
-Melhores amigos fazem isso, eles brincam um com o outro.
   Oz ficou parado por um tempo, mas depois riu.
-Ah, essa vai ter troco.
-Tente. – Ela retrucou.
-Ei. – Oz começou.
-O quê?
-Posso vir aqui amanhã? Pelos coelhos.
-Ah, tudo bem. Acho que gostaram de você.
-Ok, então. Se precisar de algo, liga pra mim.
-Ok.
-Promete? – Ele estendeu a mão.
-Prometou. – Ela a apertou.
-Ok, vou indo. Tchau.
-Tchau. Vá com cuidado.
   Oz acenou uma ultima vez e saiu correndo, assim que ele sumiu de vista, Alice pensou:
-Melhores amigos, né? Eu gosto disso. – Ela sorriu. Logo depois, pôs a mão no coração. – Mas... Que sentimento estranho é esse no meu peito?

***
   Naquela mesma sala escura, com as mesmas pessoas encapuzadas, uma única pessoa, uma mulher olhava para um quadro cheio de anotações, seus cabelos rosados brilhavam a luz da única luz que estava pendurada no topo.  Alguns metros ao lado, estava Vincent com o mesmo sorriso calmo de sempre.
-Não está olhando de mais para este quadro, Charlotte? – Pergunta ele.
-Ora... A Onee-sama só quer ter certeza que iremos acertar em cheio a pirralha manchada. – Ela vira para a luz com um sorriso maníaco no rosto, os olhos rosas com um brilho assassino.

***

No dia seguinte, Amanda e Annabell caminhavam até a sala do conselho.
-Que bom que o Oz-kun foi nos visitar, não é? – Falou Annabell, saltitando.
-Fale só por você. – Falou Amanda, bocejando. – Eu levei um tremendo susto.
-Ah, vamos Amanda. – Annabell falou, enquanto a outra abria a porta da sala. – Não foi tão ruim.
-Não, cla... – Amanda parou de falar assim que abriu a porta, algo chamou a atenção dela.
   Sharon segurava alguns papéis e andava de um lado para o outro da sala, cantarolando baixinho. Ela percebeu que estava sendo observada.
-Ah, Bom Dia, Amanda. Annabell. – Cumprimentou ela.
-Sharon-chan! – Exclamou Annabell.
-Sha... Sha... – Amanda gaguejava, até que não agüentou e gritou – Sharon-onee-sama!
   Ela correu até a jovem de olhos rosados e a abraçou com tanta força que Sharon quase ficou sem respirar.
- Que bom! Que bom! Que bom! Que bom! Que bom! – Amanda repetia com lágrimas nos olhos. Sharon sorriu e começou a acariciar a cabeça de Amanda.
-Tudo bem, tudo bem. Já voltei.
   Alguns minutos depois, Oz e Alice chegaram, o grupo pediu explicações, perguntaram se estavam bem e etc. Sharon disse qualquer coisa, mas não o que aconteceu de verdade, ela se lembrava da promessa. Annabell percorreu a sala até encontrar Break, sentado em um canto, os olhares dos dois se encontraram, Annabell sorriu e deu um aceno de cabeça, Break retribuiu fazendo o mesmo.
-Bom! Visto que a senhorita está bem e que não houve maiores danos... – Disse Break, indo até eles. – Que tal seguirmos com nossas atividades?
-Certamente. – Disse Sharon. – O festival escolar está chegando.
-Ah, sim. – Falou Amanda, secando os olhos. – Eu sei disso.
-Eu cada sala terá seu estande.
-Sim, como todo o ano.
-A sua sala também, Amanda-chan. – Avisou Break.
-Sim, eu sei e sem “-chan.”
-Vocês estão querendo chegar em algum lugar, eu sei. – Comentou Alice.
   Sharon e Break se entreolharam.
-A sala da Amanda ficará encarregada de um Maid Cafe e eles querem e a Justiça e Lei participe, de qualquer jeito. – Falou Sharon, divertida, tocando a ponta do dedo indicador no nariz de Amanda.
   Silêncio.
-COMO É QUE É A HISTÓRIA?!? – Gritou Amanda, exasperada.

Capítulo 10 – Laços familiares.

-Ahahaha! Mas de jeito nenhum! – Amanda disse, balançando o dedo em negativa. – Eu não vou usar aquelas roupas vergonhosas!
-O que elas têm de vergonhosas? – Disse Sharon. São lindas.
-Não pra mim! – Disse Amanda, se sentando com força na sua cadeira.
-Foi uma votação. – Disse Break. – Resultado Unânime.
-Como? – Falou Amanda, boquiaberta.
-Foi exatamente o que você ouviu. – Sorriu ele. – Você não pode recusar.
-Ah...
-É verdade, Amanda. – Annabell interveio. – Você não pode fugir disso.
-É verdade, Amanda-chan. A Justiça e Lei tem uma reputação a manter, não é? – Comentou Oz. – E vai ser divertido.
Amanda ficou quieta, com uma expressão desconfortável no rosto.
-Droga. – Ela disse, se afundando na cadeira.
-Ela vai. – Disse Annabell, sorridente.
-Maravilha. – Exclamou Sharon. – Avisarei os seus colegas de classe. Essa é a hora perfeita para eu testar a minha câmera nova.
Com isso, ela sai da sala.
-Eu também tenho coisas a resolver. – Disse Break saindo também.
-“Coisas a resolver...” – Bufou Amanda. – Tradução: “Vou sair para me empanturrar de doces.”
-Ei, Amanda-chan...
-Sem “-chan”, Oz! – Amanda falou, olhando para cima.
-Ok, desculpa. Mas sabe? Será que eu posso visitar o orfanato outra vez? Eu queria ajudar.
Amanda o encarou, mas depois sorriu, dando de ombros.
-Tudo bem. MAS!
-Mas?
-Mantenha segredo!
-Eh? Por quê? – Perguntou o loiro.
Amanda apontou em volta dela e para o distintivo no CAP.
-Ah, claro. – A ficha dele caiu. Amanda assentiu e logo depois afundou mais na cadeira, ainda chateada com a história do Maid Cafe.


No orfanato, devia ser umas 16:30 da tarde, Oz chegara bem mais cedo para ajudar com as crianças, era divertido. Já o chamavam de Onii-chan, era difícil acompanhá-las, mas isso não importava. Alice também acabara aparecendo, sendo recebida por um ataque de abraços das crianças.
Oz caiu na gargalhada ao ver a Alice caída no chão, rodeada de crianças que não paravam de falar.
-Ai, tá bem. Gente, gente. – Alice tentava acalmá-las. – Também senti saudade de vocês.
-Crianças! – Gritou Annabell da porta do Orfanato. – Lanche!
Todas elas correram em direção a porta, graças a uma delas que gritou “Quem chegar por último é a mulher do padre.” Alice conseguiu levantar do chão e se sentar.
-Caramba, tinha me esquecido de como essas crianças podem ser agitadas. – Alice falou, sorrindo com uma gota.
O jovem que usava uma calça cinza e uma camiseta clara por debaixo de um avental que Annabell lhe dera (e obrigara usar), já parara de rir e apenas olhava Alice sentada. Os cabelos estavam bagunçados de um jeito adorável e os olhos roxos olhavam para o lado enquanto ela arrumava uma das duas tranças.
-Que foi? – Ela perguntou, ele não percebera que ficara o tempo todo a encarando.
-Nada, nada. – Ele falou, sem graça e estendeu a mão que Alice segurou e assim ficou de pé.
-O que você tá fazendo aqui? – Perguntou ela.
-Ah, eu quis ajudar aqui. Só isso. – Sorriu ele.
E lá estava ele de novo, aquele sentimento estranho no peito de Alice. Seria por que...? Ela não queria pensar nisso.
Eles ainda estavam de mãos dadas.
-Ah! Eu vou entrar! – Ela falou, soltando a mão dele e correndo até a porta.
-Eh? Ei, espera! – Ele disse, indo até lá.
A mesa de jantar era enorme, para caber todas as crianças, não deveria ser menor. O barulho era alto enquanto comiam o lanche, Annabell não parava quieta em um só lugar, pois as crianças gostavam de repetir, mas graças a Alice e Oz o trabalho não estava tão difícil, Amanda e Katherine estavam na cozinha, terminando de preparar o resto do lanche.
Levou só alguns minutos para as crianças terminarem e voltarem a correr pelo jardim.
Oz caiu exausto na cadeira, Alice não fez diferente, já estava desacostumada.
-Ok, hora da recompensa. – Cantarolou Annabell, trazendo os lanches deles.
-Oba! – Exclamou Alice, mas depois se recompôs. – Obrigada.
-Porque ela esconde esse jeito dela? – Pensou Oz, tomando um gole do suco. – É bem bonitinho. – Completou meio corado, ainda em pensamento.
-Então, Okaa-sama, já escolheu seu vestido para o Maid Cafe? – Perguntou Annabell.
-Nem me lembre disso. – Amanda choramingou.
-Maid Cafe? – Perguntou Katherine, enquanto secava os pratos.
-É para o festival. – A jovem de cabelo bicolor explicou.
-E a Okaa-sama tem que participar de qualquer jeito!
-Drogaa... – Amanda choramingou.
-Você choraminga demais, sabia? – Falou uma voz vinda de fora.
-Ah, fica quieto! – Amanda respondeu por instinto.
-É assim que você recebe seus convidados? Que bela anfitriã você é, hein. – Falou um garoto que acabara de entrar pela porta, ele tinha cabelos claros e curtos, os olhos eram de um azul elétrico e tinha uma pose de nobre.
Amanda mostrou a língua para ele.
-Você a provocou, Elliot. – Disse um garoto logo atrás, com uma gota. – Ela não teve culpa.
Este usava óculos enormes, o cabelo era castanho escuro, comprido e todo despenteado.
-Por que você sempre fica do lado dela, Leo? – Resmungou Elliot.
-Elliot-kun. Leo-kun. – Falou Annabell, sorrindo. Então, curvou-se, dando as boas vindas. – Bem-vindos.
-Bell-chan. – Falou Leo, cumprimentando-a também, Elliot também o fez, mas logo depois voltou sua atenção para a Amanda.
-Que foi? – Ela perguntou.
-Estou esperando suas desculpas. – Ele diz.
-Nos seus sonhos, cara de macaco. – Retrucou ela.
-Como é que é, cara de fuína? – Exclamou Elliot.
-Você ouviu, seu prego! – Falou ela, sem se importar.
-Pintora de rodapé! – Falou ele.
Amanda bateu a mão no balcão, ela detestava ser chamada de baixinha.
-Desentupidor de privada!
E a briga continuou, ambos chamando um ao outro de inúmeros nomes que faziam ou não jus a eles.
-Eita... – Murmurou Oz. – Parecem a Alice e o Gill.
Leo se virou para ele.
-Ah, olá. – Ele estendeu a mão. – Não acho que já tenha te visto por aqui. Sou o Leo, você é o...?
-Oz. – Sorriu ele, enquanto apertava a mão de Leo. – Prazer.
-Igualmente. – Falou o jovem de cabelos castanhos, os olhos estavam completamente escondidos debaixo dos grandes óculos, mas dava para ver que estava sorrindo. Ele olhou para trás de Oz. – Ah, olá Alice-chan.
Alice acenou, sorrindo um pouco. Ela prestava atenção na cena da briga, que fez Oz virar sua atenção para lá.
-Ah, eles são sempre assim. – Disse Leo, se sentando. – Bell-chan, você poderia trazer o “Para-Brigas?”
Annabell assentiu e foi até outro quarto.
-“Para-Brigas?” – Pensou Oz. O que deveria ser? Talvez uma arma de choque, os outros dois estavam aponto de se engalfinhar.
-Isso é meio nostálgico. – Comentou Leo.
-Hum? – perguntou Oz.
-Ah, é que Elliot e eu estamos sempre por aqui, desde pequenos. E ele e Amanda viviam brigando.
-Foi ódio à primeira vista. – Completou a jovem de olhos roxos.
-Também não é pra tanto. – Falou Leo. – Eles são amigos, irmãos. Só são teimosos demais pra admitir.
-Ora, seu... – Exclamou Amanda, subindo na mesa e quase atacando o pescoço do garoto.
-Amanda! – repreendeu Katherine, assustada com o brusco movimento. – Cadê seus modos?
-Foi ele que começou. – Amanda retrucou.
-Não importa, você é uma dama, aja como tal. – Respondeu a moça, firme.
-Ouviu? “Aja como tal.” – Zombou Elliot.
-Não abusa da sorte, moleque! – Falou brava, ameaçando o jovem com uma faca e acabara de encontrar, ele não se abalou, já Katherine ficou desesperada com ato e confiscou a faca da jovem.
Os outros três jovens que observavam a cena ficaram com uma gota. Leo se virou para eles.
-Só teimosos. – Reforçou.
-Leo-kun. – Chamou Annabell, esta segurava um grande e enferrujado... Cano?
-Uou, prâ que é isso? – Perguntou Oz, apontando para o cano.
-É o “para-brigas”. – Respondeu Alice, antes de abocanhar seu sanduíche de carne.
-Certo dia, há alguns anos atrás, Leo-kun encontrou esse cano e como não aguentava mais a briga da Okaa-sama e do Elliot-kun, bateu no chão com ele e eles pararam. Desde então, usamos isto.
-Exato. Com licença. – Pediu Leo, pegou o cano e foi até a briga, segurou com as duas mãos, respirou fundo e...
BLAAM!
O cano foi de encontro à mesa causando um baque surdo. Ambos gritaram.
-Leo! – Exclamou Elliot.
-Aaah... – Amanda tinha espirais nos olhos, por causa do susto, mas no segundo seguinte se recompôs.
-Parem vocês dois, que coisa. – Falou Leo, entregando o cano para Annabell que o levou embora.
-Mas... – Começaram.
-Não. Chega, já acabou o assunto. – Falou Katherine, guardando o ultimo prato. – Obrigada, Leo-kun.
-De nada. – Respondeu o jovem com óculos enormes.
-Ah! – Começou Amanda. – Você implica comigo por subir na mesa, mas agradece quando o Leo bate com tudo na mesa com um cano enferrujado?!
-Exatamente. – Falou Katherine e depois saiu da sala pela porta dos fundos.
Amanda levantou os braços pra o ar em um gesto de desistência. Já Elliot percorreu a sala com o olhar até se deparar com olhos verdes e cabelo loiro.
-Quem é você?
-Ah. – Oz se levantou e estendeu a mão. – Sou Oz Bezarius, prazer...
Mas Elliot não apertou a mão dele, só ficou encarando-o.
-Não fui com a sua cara.
Silêncio.
-ELLIOT! – Repreendeu Amanda, ele não ligou.
-E agora sei o motivo! Você é um Bezarius! – Ele disse como se fosse um crime.
...
-E daí? – Perguntou Oz, confuso.
-Como assim “E daí?”? – Exclamou Elliot. – Eu sou Elliot Nightray.
Mais silêncio.
-Prazer, então. – Disse Oz, por fim.
-Você ainda não entendeu?! – Elliot estava a ponto de arrancar os cabelos. – Nossas famílias são inimigas!
Mais uma dose de silêncio e...
-Elas são? – Perguntou Oz.
-E você não sabia? – Respondeu Elliot, surpreso. – Como você não sabia?
-Simples: O que o meu pai faz ou deixa de fazer não me interessa. – Falou o jovem loiro, já um pouco irritado e mencionando o líder da família Bezarius, algo raro de se acontecer.
E mais silêncio se prosseguiu, até ouvirem uma batida forte vinda de trás. Foi Amanda que bateu com tudo na mesa com a mão.
-JÁ DEU!! – Ela gritou. – Elliot, deixa o Oz em paz!
-O quê? Mas eu... Ah, espera. Não me diga que você o adotou. – Elliot falou, fazendo aspas com os dedos.
-Que tem? – Ela cruzou os braços. – Esse é meu dever como Justiça e Lei...
-Ah, não. De novo com essa história? – Ele a interrompeu.
-Ah, culpa não é minha se você é um incrédulo.
-Amanda, qual é. Você quer que eu acredite que você é essa tal de “Lei e Justiça”? Você morre de medo de coisas idiotas, como aranhas. – Ela falou apontando para ela.
-Primeiro: É “Justiça e Lei”. E segundo: Essas coisas são do mal, tá bom? Elas ficam nos lugares mais inesperados só esperando para eu passar e me atacar com aquelas 8 pernas! – Depois de dizer isso, sentiu um arrepio. - Brrr...
-Desculpas, desculpas... Amanda, você é uma medrosa. – Ele acusou, ainda apontando pra ela.
-É O QUÊ? – Ela berrou. Ok, ok. As coisas vão sair do controle. Amanda tomou impulso para lugar em Elliot e rasgá-lo ao meio e ela teria feito isso, se Annabell e Leo não tivessem se metido no meio e segurado os dois.
-Tuuudo bem. Muita calma nessa hora! – Falou Annabell, então ela teve uma ideia. – Já sei. Sabem, nós teremos um Festival daqui a uns dias e adoraríamos que vocês fossem.
-Adoraríamos? – Perguntou Amanda.
-Parece divertido. – Falou Leo que segurava Elliot pelos ombros. – Claro que iremos.
-Iremos? – Perguntou Elliot.
Oz, que ficara o tempo todo assistindo ficou com uma gota. Ela olhou para Alice, esta notou que ele a olhava, apenas deu de ombros e voltou a tomar seu suco. O jovem suspirou, a cada dia que passava menos ele se acostumava, mas de certa forma, não era tão ruim. Eles eram bem animados... Pelo menos.

***

De volta a mesma sala escura, Charlotte comia animada uma torta de morango, até um dos encapuzados vir até ela e cochichar algo em seu ouvido, com isso um sorriso – um estranho sorriso - surgiu em seus lábios.
-Maravilha, assim como Vincent disse. Os peões estão prontos e o jogo de xadrez começará em breve. – Ela disse, olhando para um surrado calendário pregado na parede, com um “x” enorme e vermelho marcado em um dos quadrados. Exatamente, no dia do festival.


----------------------------------------------------------------------------
Continua...

Chocolate-d @ 09:17 | 0 Eaters